VIVI VIVE
Vivi vive na lembrança dos amigos.
Na imaginação. Na suposição de como estaria lidando com a pandemia.
Nas verdades ditas em palavras que hoje estão em falta.
Algumas pessoas são assim.
Partem cedo e nunca são esquecidas.
Quem era mestre em gargalhar de si próprio, até na saudade, faz da lágrima, o riso.
(Publicação original em 07/06/2019)
QUEM VÊ CARAFoi por trás do balcão da padaria, no trato da freguesia que aprendeu a fazer as melhores amizades.
E pela vida afora, o que mais fez.
Sempre à disposição para ajudar.
Pelos tortuosos labirintos da repartição mais burocratizada, guiou muitos amigos. E amigos dos amigos.
O apelido de infância, tão vívido, ofuscou o de batismo. Suspeita-se até que não lembrasse mais do onomástico.
Apaixonado pelo ABC, transitava bem entre todas as torcidas. Sempre com muito bom, sarcástico e respeitoso humor.
Conseguiu superar a fase mais difícil da vida, fazendo dela sua bandeira de luta.
Contava os anos, meses e dias, livre do pesadelo. Com seus testemunhos ajudou a abreviar a tormenta de muitos.
Depois de um sem número de trocas de fichas e bem antes da ascensão midiática do tenente-capitão-senador, foi parado em blitz da rodoviária federal.
Bafômetros eram novidade, ainda em fase de testes. O guarda, depois de repetir o exame em todos os aparelhos disponíveis, não se convenceu dos resultados negativos e propôs um trato.
A liberação imediata pela revelação do que havia feito para não ter sido detectado o menor vestígio da substância proibida.
Com os olhos e fácies avermelhados de sempre, o abstêmio Vivi confessa:
-Parei com a bebida há muitos anos mas nunca perdi essa cara de bêbado.
Meu pai como tenho orgulho te ti