8 de novembro de 2025
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A ilusão dos jogadores de futebol no Brasil

“Sua ilusão entra em campo no estádio vazio. Uma torcida de sonhos aplaude talvez”. A música de Moacyr Franco falava sobre Mané Garrincha, mas se encaixa perfeitamente no que é o futebol: Um mundo de sonhos. Pesquisas estão aí para comprovar a minha teoria. A primeira delas, divulgada recentemente pela plataforma CupomValido.com.br aponta que o desejo de mudar de vida jogando bola é cada vez mais difícil.

No Brasil, diz o estudo, 360 mil atletas são registrados, sendo que apenas 25% são profissionais. Entre esses, 55% ganham apenas um salário mínimo. Somente 12% recebem salários acima de R$5.001. Esse percentual é ainda menor para os grandes salários sonhados por boa parte dos meninos e meninas que buscam vagas nas categorias de base.

Para nós, que vivemos na Região Nordeste, a situação é ainda pior. A média salarial paga aos jogadores de futebol gira em torno de R$ 1 mil. A região que paga o melhor salário é o Sudeste, com uma média de R$15.000.


Para completar esse cenário de sonho, que parece mais um pesadelo, a maioria dos brasileiros, homens, ainda acreditam que são melhores que jogadores profissionais consagrados. Ou seja, o torcedor acha que joga mais bola que os atletas milionários, que são exceções como vimos na pesquisa anterior.


Para se ter uma ideia: em 2019, relatório da CBF informou que havia no país 90 mil jogadores profissionais em atividade. Naquele mesmo ano, apenas 690 desses 90 mil entraram em campo pela Série A, um percentual de apenas 0,76%. Mas a autoestima do torcedor brasileiro é muito maior do que a dificuldade que os números revelam.

A pesquisa inédita encomendada pelo Bolavip Brasil perguntou aos fãs de futebol pelo país: você teria condições de se tornar jogador de futebol profissional de elite se tivesse a chance? E a quantidade de pessoas seguras que têm o que é preciso para a tarefa impressionou: 57% dos homens responderam que sim.


O ápice da autoestima se encontra entre os homens, com 57% deles respondendo que seriam capazes de jogar na Série A, se tivessem tido a chance. Esse número cai para 39% quando as mulheres respondem à mesma pergunta.


Jovens adultos também acreditam mais neles mesmos: 57% dos que responderam à pesquisa na faixa etária entre 25 e 34 anos têm a convicção de que poderiam ser jogadores de futebol.


O interessante é observar que no Nordeste e Norte, onde justamente se ganha menos, o torcedor acredita que deveria estar em campo e não os jogadores que atualmente vestem as camisas de sesus clubes. Enquanto 59% dos moradores da Região Norte disseram que poderiam se tornar jogadores de futebol de elite, 36% dos sulistas responderam que não.


Nas outras regiões do país, o percentual é próximo: 48% dos nordestinos, 42% dos moradores do Centro-Oeste e 41% dos sudestinos se enxergam como potenciais jogadores de futebol da primeira divisão.

Outra pergunta foi feita aos entrevistados da pesquisa: se você se tornasse jogador de futebol, seria melhor do que qual jogador, comparativamente falando?


Foi oferecida uma lista de 15 jogadores brasileiros: dois goleiros (Alisson e Cássio), três jogadores de defesa (Danilo, David Luiz e Thiago Silva), quatro jogadores de meio de campo (Casemiro, Felipe Melo, Fernandinho e Lucas Paquetá) e seis atacantes (Neymar, Vini Jr, Richarlison, Rony, Yuri Alberto e Gabigol).


Dos entrevistados, 19% afirmaram que não seriam melhores do que nenhum dos jogadores citados. Já 16% responderam que, se tivessem a chance de ser jogadores profissionais de futebol, seriam melhores do que Alisson, goleiro do Liverpool (ING) e da seleção brasileira nas últimas duas Copas do Mundo.


O jogador menos citado foi Richarlison, atacante do Tottenham (ING). Apenas 5% dos entrevistados disseram que seriam melhores do que o Pombo.


Talvez, a baixa qualildade do futebol apresentado por boa parte das equipes tenha feito com que o torcedor acredite que joga melhor que a maioria dos atletas. É a teoria do “faça você mesmo”.

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