Comunicar-se é natural. Comunicação Social é profissional
A comunicação clube-torcida-imprensa tem mudado ao longo do tempo e, como em qualquer outra área, com a chegada das redes sociais, se transformou em um grande desafio.
As dificuldades são enormes e abrangem situações que, por vezes, parecem não estar sob controle. No entanto, uma coisa fica clara a cada situação que vivenciamos. A verdade, por mais difícil e dolorosa que possa parecer em uma análise inicial, precisa ser dita de cara. Postergar, distribuir meias-verdades, estimular conflitos, boatos, apropriar-se de versões, ou se omitir causam problemas muito maiores que encarar de frente e de pronto a situação crítica que se impõe.
Como profissional da área sei que, no futebol, como em outras áreas, a maioria acredita que comunicar, por parecer um ato natural, é simples. São muitas opiniões emitidas em uma área que exige o uso correto da técnica e da ética.
Na medicina, por exemplo, que não é um ato natural como a comunicação, uma vez que nem todos são capazes de realizar uma cirurgia, as opiniões ficam mais difíceis de serem emitidas. No entanto, ainda assim, a luta contra a auto-medicação é uma batalha histórica, principalmente no Brasil.
Os clubes, além dos pacientes, precisam entender, de uma vez por todas, que a receita, assim como a comunicação precisa seguir a técnica correta e o profissional tem que ser uma voz relevante nos momentos de “crise” e não um mero digitador de release, ou de posts e fotos/vídeos.
Outro ponto importante nessa relação diz respeito aos profissionais do clube: atletas, comissão técnica e até mesmo as famosas “tias da cozinha”. Todos precisam entender esse processo de comunicação clube-torcida-imprensa. O objetivo disso não pode ser esconder, omitir, camuflar histórias, nem tampouco distancia-los dos jornalistas, como aliás, virou tradição aqui e em outros lugares sob a justificativa de uma suposta “organização” das atividades.
Esse processo, na realidade, precisa caminhar no rumo da transparência. Falar sobre o clube, expor seu funcionamento, exibir as atividades, além de um direito do torcedor, o aproxima. Sem falar que a velha máxima do “quem não deve não teme” precisa fazer parte do dia a dia. Em resumo quanto mais você mostra, menos explicações terá que dar e isso não significa bagunça. Tudo tem método, tem organização.
Sem a comunicação técnica e fundamentada em verdades, obedecidos os processos, ações de emergência viram a rotina e, nesses casos, a “crise” geralmente já está posta. Para piorar, se, ainda assim, a comunicação social for atropelada, o risco de agravamento é gigante. O ato de comunicar é sim natural, mas a comunicação precisa ser profissional.
