Futebol brasileiro é teatro tragicômico
No teatro tragicômico do futebol brasileiro, a Seleção Canarinho encontra-se órfã de técnico há mais de 100 dias, enquanto a CBF, sob a presidência de Ednaldo Rodrigues, enfrenta denúncias que fariam corar até os personagens mais folclóricos da literatura.

A mais recente acusação envolve a suposta falsificação da assinatura de Antônio Carlos Nunes de Lima, o Coronel Nunes, em um acordo que manteve Rodrigues no poder. Um laudo pericial sugere que a assinatura pode ser falsa, levantando dúvidas sobre a legitimidade da reeleição de Rodrigues para o mandato de 2026 a 2030.
Enquanto isso, a novela da contratação de Carlo Ancelotti como técnico da Seleção se arrasta. O italiano, atualmente no Real Madrid, já indicou que só considerará a proposta após o término da temporada europeia. A CBF, por sua vez, parece disposta a esperar, mesmo diante da pressão por resultados e da necessidade de estabilidade na equipe.
A situação lembra a “Tragédia do Sarriá”, quando o Brasil, com um time brilhante, foi eliminado pela Itália na Copa de 1982. Naquela ocasião, o excesso de confiança e a falta de pragmatismo custaram caro. Hoje, a falta de direção e as controvérsias administrativas ameaçam repetir a história, transformando o que deveria ser um espetáculo em um drama de bastidores.
Se a Seleção é o espelho do país, talvez seja hora de limpar a superfície e encarar o reflexo. Afinal, como diria Nelson Rodrigues, “o futebol é a pátria de chuteiras”, e essa pátria merece mais do que promessas e escândalos.
