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Artigo: “É o começo do fim? Ou é o fim do fim?”

Publico abaixo artigo do hoteleiro Ademar Miranda Neto (Atol das Rocas).

E lembro que nosso blog está sempre aberto a análises sobre o setor de Turismo.

Escrevam. Opinem. Vamos dedicar as sextas-feiras para contribuições deste tipo.

“A cada dia que passa me impressiono ainda mais com os baixos preços que vêm sendo praticados no mercado hoteleiro de Natal e do RN. Quando praticamos a concorrência do menor preço em relação aos nossos congêneres locais e de outros destinos turísticos, não estamos apenas conquistando hóspedes satisfeitos com baixos preços e ou atraindo novos turistas para Natal.

Estamos caminhando talvez para um sucateamento e desaparelhamento dos equipamentos de hospedagem, algo sem precedentes nesse importante setor de nossa economia. Um destino turístico, para ser atraente e desejado, precisa antes de tudo contar com uma boa administração pública, que ofereça qualidade de vida aos seus cidadãos.

Precisa de segurança pública de qualidade, de transportes públicos de qualidade, limpeza pública, ordenamento e boa informação em suas vias públicas, iluminação pública adequada, trânsito fluente e organizado, cidadãos educados, entretenimentos e lazer atrativos, eventos culturais, praias limpas, organizadas e acessíveis a todos.

E muito importante também é a manutenção da publicidade institucional do destino turístico. Tem que ser contínua e constante. A iniciativa privada também deverá ofertar em seus equipamentos os quesitos necessários à satisfação de seus clientes, cobrando por isso um preço justo. Observo que hotéis de quatro e cinco estrelas, que há dez anos cobravam diárias que variavam de R$ 300 a R$ 600, hoje praticam preços de R$ 100 a R$ 200.

Como esse segmento conseguirá sobreviver financeiramente e manter seus equipamentos em boa qualidade, já que além de altos custos de investimentos tem também elevados custos de manutenção? Será que hoje praticamos preços justos ou no passado foram praticados preços exorbitantes? Ganhamos muito dinheiro no passado ou hoje estamos pagando para ter hóspedes em nossos hotéis?

Ou será que descobrimos uma fórmula mágica de reduzirmos custos sem comprometer a qualidade? O chamado custo Brasil (impostos, salários, insumos, tarifas, inflação etc…) só vem aumentando, enquanto os preços dessas diárias, na contra-mão da economia, vêm diminuindo.

Se tais situações, observadas nos equipamentos de grande porte, que por suas dimensões físicas e financeiras são preocupantes, nos médios e pequenos hotéis serão desastrosas. Será que realmente a Copa do Mundo em 2014 será a redenção de nossa cidade? Com apenas alguns dias de um único evento iremos conseguir captar recursos para mantermos nossos negócios saudáveis?

Teremos em pouco mais de um ano uma cidade equipada e preparada, com todos os ingredientes necessários para ser um destino turístico, que é a grande e talvez única vocação econômica de nossa cidade? Observemos que nos últimos anos o número de equipamentos de hospedagem de boa qualidade mais que dobrou em quantidade em nosso estado.

Tudo isso colaborou muito para a melhoria e crescimento do destino turístico, porém a inércia generalizada do poder público não acompanhou tal crescimento, que deveria trazer o consequente aumento do ingresso de turistas a nossa cidade. Perdemos inúmeros voos internacionais captados com ações competentes e escassos recursos do poder publico, porém em inteligente parceria do setor hoteleiro, que norteava aquelas ações.

Acrescemos ainda a isso tudo a globalização da economia e o grande advento da internet, que com suas operadoras virtuais e sites de compras coletivas ofertam outros destinos e até hotéis locais com preços que chegam a ser absurdos de tão baixos, obrigando cada vez mais os hotéis a baixarem seus preços, muitas vezes além dos custos, para manterem seus leitos ocupados.

Não sou um empresário pessimista. Ao contrario, sou inclusive muito confiante que nosso sucesso depende de nossas escolhas e ações no presente. Estou nesse gratificante setor há 24 anos e já passamos por inúmeras crises. Todas foram superadas com o engajamento do setor público e da iniciativa privada, onde buscamos soluções e superações.

A internet trouxe, de forma democrática e em pé de igualdade, a possibilidade de divulgarmos nossos equipamentos de forma mais abrangente e muito mais barata que no passado. A dinâmica da internet nos facilita em muito a divulgação e comparação de nossos hotéis e destinos turísticos. E ainda auxilia também quando temos de nossos clientes o retorno de satisfação através de comentários em sites específicos, permitindo-nos correções na busca da melhoria da qualidade que ofertamos.

Esse mesmo painel virtual, que nos expõe de forma eficiente para divulgar nosso produto, também expõe da mesma forma nossas falhas, erros, deficiências e pontos negativos. Temos cada vez mais um público exigente na qualidade e que busca também baixos preços. Mas há que se tomar muito cuidado para não praticarmos preços abaixo dos nossos custos, pois poderemos comprometer a oferta da tão desejada qualidade por preço baixo.

Deixo aqui uma consideração pessoal para reflexão de todos”

Ademar Miranda Neto 

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