Templo dórico em Segesta
Saímos de Monreale por volta das 12h, seguindo pela rodovia SS186 em direção a Segesta. A estrada cortava o interior da Sicília, passando por colinas cobertas de vegetação baixa, oliveiras e vinhedos. O asfalto é ótimo, com poucas curvas acentuadas e leve tráfego. Passamos por vilarejos com construções simples de pedra e ruas tranquilas. O dia estava claro, e o sol iluminava a paisagem de maneira uniforme, destacando os campos ao redor.
A aproximação de Segesta se fez notar quando o imponente templo dórico apareceu no horizonte, no topo de uma colina. A rodovia nos levou até o estacionamento próximo ao sítio arqueológico, de onde uma curta caminhada nos separava das ruínas.
O Templo de Segesta é um dos exemplos mais bem preservados da arquitetura dórica na Sicília, mesmo estando inacabado. Suas trinta e seis colunas robustas, dispostas em um padrão simétrico, continuam de pé, apesar da ausência de uma cela interna e de outros detalhes que indicam a interrupção de sua construção. Acredita-se que os Elímios, povo indígena da Sicília, tenham construído o templo para demonstrar poder e prestígio, utilizando o estilo grego para fortalecer suas alianças com cidades helênicas da região. No entanto, o templo nunca foi destinado ao culto religioso, sugerindo que sua função principal era mais política e diplomática, com uma simbologia de força e sofisticação cultural.

Historicamente, Segesta esteve envolvida em conflitos com sua rival Selinunte, o que culminou na destruição desta última com a ajuda dos cartagineses, aliados de Segesta. A localização isolada do templo, no topo de uma colina, amplificava sua imponência e visibilidade, destacando-o na paisagem siciliana. Essa posição estratégica, combinada com o estilo dórico clássico e a qualidade de sua construção, faz do Templo de Segesta uma das obras mais impressionantes da antiguidade, simbolizando tanto a ambição quanto as limitações econômicas e militares da cidade. Mesmo inacabado, ele permanece como um testemunho da habilidade arquitetônica e da complexa história política da região.

Segesta, fundada pelos elímios, sempre ocupou um lugar estratégico na história da Sicília. O templo, de estilo grego, reflete a forte influência cultural helênica na região. Durante séculos, a cidade esteve no centro de disputas, especialmente entre gregos e cartagineses, e as ruínas que restaram guardam fragmentos dessa história. O teatro antigo, escavado na encosta, oferecia uma vista deslumbrante do vale, e seu estado de preservação era notável, considerando a idade da estrutura. Trata-se de uma visita rápida, e aconselho seguir viagem logo após.

Seguimos viagem rumo a Erice, nosso próximo destino. Situada no noroeste da ilha, no topo de uma montanha, Erice prometia não só vistas espetaculares, mas também um mergulho na história medieval da Sicília. O caminho até lá nos reservava mais paisagens e novas descobertas, reforçando o fascínio que a ilha desperta a cada quilômetro percorrido.
Contarei no próximo domingo.
