15 de novembro de 2025
Crônicas

Uma reflexão sobre vinho e música clássica

De uns meses para cá, tornou-se cada vez mais óbvio para mim que um vinho bem feito possui todos os atributos de uma obra de arte. No entanto, para que esses vinhos sejam plenamente apreciados, é necessário atenção e um sensorial treinado. Não falo exclusivamente de vinhos caros, mas reforço que a evolução do bom gosto traz mudanças na oferta e na demanda do mercado, tornando as grandes obras, os bons produtos, cada vez mais disputados por quem realmente está preparado para apreciá-las.

Como uma grande obra da música clássica, um vinho bem feito desperta os sentidos e estimula a mente de forma extraordinária. Degustar um vinho complexo é uma experiência semelhante à de ouvir uma peça musical muito bem elaborada. Um vinho com boa estrutura, taninos marcantes e aromas profundos nos faz refletir de maneira similar ao impacto de composições como As Variações Goldberg de J. S. Bach, por exemplo.

Aprofundar-se em um vinho exigente é um exercício de análise. Sua acidez e seus aromas revelam camadas de sabor que se desvelam aos poucos. De forma análoga, a música de Bach exige concentração para que seus significados sejam prontamente compreendidos. Parece frescura? Sim, parece. Eu mesmo teria dado de ombros para esse assunto se estivesse lendo isso quatro anos atrás.

E quando apreciamos os dois juntos?
Sinto que unir um vinho sofisticado a uma grande obra clássica potencializa minha experiência sensorial, permitindo me aprofundar em duas formas de arte que, associadas, ampliam minha percepção e me dão muito prazer.

Este texto, afinal, é sobre prazer.

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