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SOLIDARIEDADE EXCEDENTE


O concorrido vestibular para o curso de
Medicina de 1968 trouxe uma novidade.

Seriam aprovados os que alcançassem uma nota mínima. As maiores garantiriam a matrícula na UFRN, os outros ganhariam o consolo de não terem sido reprovados.
Excedentes, com direito a manifestações por mais vagas que os incluíssem.

Tentariam de novo, no próximo ano, não fosse o prestígio do Senador Dinarte Mariz com os milicos.  E com o Marechal Arthur da Costa e Silva, o famigerado ditador do Ato Institucional Número 5, o mesmo gorila que já havia  trazido a Escola Superior de Agricultura para Mossoró.

As vagas existentes em Manaus  foram preenchidas pelos conterrâneos do velho senador.

Viajaram em aviões da  FAB, receberam apoio do MEC que vinha  há três anos, implantando o curso com professores das melhores faculdades de São Paulo, em sistema de revezamento e em módulos de ensino.

Depois de formados, se dividiram.

Alguns foram desbravar as entranhas da floresta tropical.
A maioria voltou para junto das famílias, na beira do mar e do grande rio de águas salgadas.

A saga dos jovens doutores potiguares foi contada com emoção e saudade em dois livros, pelo menos.

Memórias do Amazonas – a saga de um excedente, de autoria do pneumologista  Marcelo Montoril Filho e Os Excedentes,  de Jairo Lago Alves, anestesiologista.

Agora,  chegou a hora do Rio Grande do Norte, seus médicos amazônidas e descendentes, retribuírem o muito que receberam.

O acolhimento das vítimas da pandemia que chegam em busca de socorro e fôlego, é uma oportunidade para as novas gerações que muito aprenderam com os destemidos colegas excedentes de 1968, prestarem também um preito de gratidão.

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