Antibolsonarismo vai às ruas do Brasil contra Blindagem e Anistia

Foi uma manifestação sem uniforme, cor ou bandeira predominante além do rechaço à anistia de Jair Bolsonaro ou à blindagem dos parlamentares.
Uma Avenida Paulista que, nos últimos anos, se acostumou a manifestações com carros de som distribuídos ao longo dos quarteirões, ambulantes com bandeiras do Brasil, Israel e Jair Bolsonaro, cantos de louvor evangélico, famílias uniformizadas de verde e amarelo, foi tomada, na tarde deste domingo, pelo improviso.
Talvez por isso, reuniu mais gente do que todas aqueles protestos capitaneados pelos partidos de esquerda nos últimos tempos e surpreendeu até quem participou da organização mambembe.
No final da manhã, o presidente do PT, Edinho Silva, calculava que, em todo o Brasil, as manifestações reuniriam mais de 200 mil pessoas nas ruas e seria suficiente para enterrar a PEC da Blindagem e a anistia em quaisquer formatos. Se errou foi para menos. Sem o trio de ouro da música popular brasileira que subiu ao palanque do Rio (Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil), a manifestação da capital paulista empatou com a última promovida pelo bolsonarismo no 7 de setembro naquela avenida. “Tomamos de volta o que era nosso”, comentava um manifestante.
SAI SILAS MALAFIA E ENTRA PADRE JULIO LANCELOTTI
Em São Paulo, a reocupação da avenida veio com uma concessão ao apelo religioso. Sai o pastor Silas Malafaia (“pastor que defende a PEC da bandidagem não vai para o céu”), e entra o Padre Júlio Lancelotti, que, “em nome de todos os credos”, ergueu a mão espaldada para o alto contra o combo anistia/blindagem.
Não foi o único contraponto.
A bandeira do Brasil apareceu de repente, passou por cima da multidão, e sumiu, não sem antes deixar registrada a imagem que estampará todo o noticiário
Os gritos de ordem, “sem anistia” e “não aceito não, a PEC da blindagem é pra proteger ladrão” superaram o “olê, olê olá, Lula, Lula”, tradicional das manifestações petistas.
Nenhum, porém, superou aquele grito de ordem em que, uma alternância de personagens (Bolsonaro, Trump, Tarcisio e Nikolas Ferreira, encurtado para “chupetinha”) são enviados para aquele lugar impublicável.
Nos cartazes, além do combo supressivo da anistia e blindagem, compareceram apelos pelo fim da escala 6×1 e em defesa da Palestina. A reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não foi pauta dos cartazes, a grande maioria de cartolina.
Por Maria Cristina Fernandes para o Valor
