A feliz frase, tantas vezes repetida, tem vários pais. E mães.
Ao usá-la quando foi avô, Cortez Pereira, orador inesquecível e administrador de rara visão, traduziu em palavras o sentimento, como se pela primeira vez estivesse sendo dito.
Tem muito mais gente driblando todas as dietas para desfrutar da última parte do festim.
Antes do café amargo.
Quem sabe ouvir e falar a linguagem dos pequenos, estará sempre com uma boa estória pra contar. E quem conta um conto, aumenta um ponto.
Avôs-babões, inclusive.
Pedro Bloch, médico, escritor, teatrólogo e jornalista, com vasta obra literária, mantinha na revista Manchete, a coluna semanal, Criança Diz Cada Uma.
Fatos que vivenciava no seu colsultório de Foniatria, transformados em deliciosas historietas.
Recebia também contribuição de leitores. Hoje sua caixa de e-mails estaria abarrotada de relatos, pergunta inesperadas e respostas desconcertantes.
Mais estimuladas e com acesso fácil à informação, as crianças do século XXI são mais seguras em suas opiniões e desejos.
Na conversa descontraída, o avô foi repreendido por ter falado um palavrão. Aquela palavrinha que o Faustão solta duas em cada frase, no seu (e no nosso) Domingão.
O argumento que o pimpolho, de seis anos, já conhecia o significado do nome feio, não convenceu.
– Eu sei que é mas não digo na frente do meu avô.
Na alta-estação de consumo aumentado, da Black Friday ao Natal, os pequenos também querem ir às compras.
O aviso que a ida ao shopping era tão somente para passeio e lanche, foi logo esquecido quando surgiu a vitrine da loja de brinquedos.
O amiguinho tinha tantos brinquedos quanto ele e sua mãe sempre que vinha à catedral do consumismo, comprava mais um.
Ao lembrá-lo que não era a mãe do coleguinha, ouviu a lamúria que não esperava.
– Azar o meu!