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#CACHORRADA_CHIQUE


Tem um neologismo que está
  entrando  no vocabulário de todo mundo e que ainda não foi devidamente explicado.

Modismo passageiro ou veio pra ficar?

Foi só sair no Fantástico e mesmo quem não assiste (ou diz que não assiste) o show da vida, agora vai usá-lo.

Com toda certeza.

E na próxima oportunidade.

É só aguardar alguma situação inesperada (e desagradável) acontecer.           

Envolver-se numa baita confusão.                                 

Quem sabe, ao contar o último arranca-rabo.

Quando entrar num rabo-de-foguete daqueles.                              

Numa bananosa.

Uma fria.                                  

Ou pior, numa gelada.               

Ser ludibriado por algum vivaldino.

Cair como um pato.                          

Comprar gato por lebre.

Ter de usar uma tremenda saia justa.

Quando descobrir onde foi amarrar o seu jumento.

E a coisa desandar.

Ou ficar naquele puxa-encolhe.


Para não misturar alhos com cebolas, vamos entender que
perrengue é esse.

No Brasil, é gíria dicionarizada há mais de um século. Vem do espanhol perro, cachorro, que acabou no  aperrear que tanto usamos, no sentido de ‘supliciar com cães’. Evoluiu para ‘soltar os cachorros’.

O Houaiss dá também como algo ‘desanimado’. O que convenhamos, não cabe bem no caso. Ou seria o antônimo?

E bote animação nisso.

Invasora, como uma frente fria que das terras austrais, entra pelo sul a cima mas nunca passa de Trancoso.

A palavra que resume toda frustração, envergonhada, antes sob segredo, até entrou no repertório das músicas sertanejas e agora não vai deixar de ser compartilhada nas redes sociais dos papa-jerimuns.

Aqui, está virando coisa chique. O aperreio ostentação. Pra se contar a todo mundo

Quanto mais sofisticado o local da ocorrência, melhor. Se em Paris, então.

Super.                                                                             Très chic.

Pode ser também num lugar bem longe. Mas longe mesmo. Pra lá de Jucurutu.

Qualquer vacilo no calor de  Abu Dabi ibope. Serve Dubai.

Um filminho com enredo estudado, de lacoste, tremendo no  frio do Sognefjorden, não é pra qualquer um.

Comida nunca deixa de explodir os likes.

Por falta de um tradutor muama é que se enfrenta cachorro coreano ao molho pardo.

O grilo do Vietnã  só perde para quem comeu (e fez selfie achando bom), aquele daquela barraquinha de palha de AngkorE depois botou tudo pra fora. Incluídos os bofes.

Vale até postar o cuy peruano. Mesmo quem já encarou muito preá por aí, fica arrepiado. E não deixa de curtir.

Mas não tem perrengue maior que contar uma estória e resumir tudo como uma cachorrada.

Muito vulgar.

Peba.

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