Câmara X Senado: Projeto de isenção de Imposto de Renda vira briga de Alagoas entre Renan Calheiros e Arthur Lira

O deputado Arthur Lira (PP-AL) e o senador Renan Calheiros (MDB-AL) são desafetos de longa data —e não escondem isso de ninguém.
A relação estava em clima de armistício, mas ele foi quebrado na semana passada, quando Calheiros decidiu colocar em marcha acelerada a votação de um projeto que copia a proposta do governo para isentar de Imposto de Renda quem ganha até R$ 5.000, na comissão que ele preside no Senado, expondo e pressionando Lira, que é o relator do tema na Câmara.
O emedebista aprovou o texto ontem, em caráter terminativo, na Comissão de Assuntos Econômicos. Com isso, a proposta nem precisa ser levada ao plenário do Senado e segue direto para a Câmara dos Deputados.
Pelo regimento, Lira deveria apensar, ou seja, incorporar o texto de Calheiros à proposta que ele relata.
O deputado trabalha há sete meses para fazer andar o projeto do governo na Câmara, onde o clima é muito menos amigável ao presidente Lula do que no Senado, com modificações que foram aceitas e até elogiadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
A artimanha de Renan, obviamente, expôs a demora da Câmara em tratar do tema, que afeta um contingente imenso da população e tem apelo eleitoral.
Pelo texto de Lira, quem ganha até R$ 5.000 não paga nada de Imposto de Renda e quem ganha até R$ 7.300 terá a cobrança minorada —esta mudança foi incorporada por Calheiros, que ampliou a benesse criando ainda um sistema de renegociação de dívidas com a Fazenda para quem recebe até este valor.
Vendo a treta, o governo se afastou. “Isso é briga de Alagoas”, comentou um ministro de Lula. E é mesmo.
“Sabe o que o Lira vai fazer? Vai guardar esse projeto do Renan em uma gaveta bem grande, bem lustrosa. Uma gaveta cheia de azeite de Murici [município alagoano]. Aquela cidade linda, cheia de palmeira”, ironizou um aliado do deputado.
Ou seja, na prática, a pressão do Senado não deve mudar o calendário na Câmara, que prevê votar a isenção do Imposto de Renda no dia 1º de outubro.
Fonte: Daniela Lima para o UOL
