Quando se está no topo ou no foco dos holofotes, o limite entre amor e ódio é um risco.
Cada dia mais tênue.
Se estamos falando da chamada grande imprensa, principalmente.
É o que acontece com o Super Secretário Rogério Marinho. Ele aprovou com louvor a – desejada – Reforma da Previdência.
Foi ovacionado lá e cá pela coragem de colocar o dedo na ferida aberta.
Agora, a vez do paciente andar, viver com pernas próprias. Não deu.
Empacou nas filas criadas, criadas não, super bem criadas e sub dimensionadas pelo tal sistema.
A mesma “grande” imprensa não perdoou. E levou as fotos (como a desse post) e as críticas a todos os cadernos dos jornalões.
Culpa de quem? Chama o Rogério.
Editorial no Estadão, Globo e Folha. Sem falar na pena inclemente do maior de todos, Elio Gaspari.
Alçando Marinho aos “çábios”, lembrou Delfim Neto:
O secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, anunciou que os çábios revelariam medidas para reduzir as filas. Tudo bem que passados três meses da aprovação da reforma e três dias do anúncio da formação de uma segunda “força-tarefa” ele não pudesse anunciar o que seria feito.
(Quem ouvir falar em “força-tarefa”, “grupo de trabalho” ou “gabinete de crise”,pode ter certeza ,lá vem enganação.) As palavras de Marinho, contudo, exemplificam o uso da linguagem para embotar a compreensão:
Estamos conversando com o ministro e estamos validando as propostas e possibilidades internamente. Estamos trabalhando desde a semana passada, por- que envolve orçamento, estrutura organizacional. Precisamos ter essa responsabilidade de buscar respaldo técnico e jurídico.”
“Validando propostas” significa que os doutores ainda não decidiram o que fazer. “Estrutura organizacional” é aquilo que Delfim Netto chama de funcionamento da quitanda, ter berinjela para vender e troco para a freguesa.
Sua secretaria chama fila de “estoque” e ele já chamou a proposta de taxação do seguro-desemprego de “inclusão previdenciária”.
Teria toda a razão se o desempregado que busca o dinheirinho do seguro pudesse optar entre a “inclusão” e a preservação da exclusão.
Como essa alternativa não existe no seu projeto, o que ele faz é usar adereços verbais da moda para esconder roupa rasgada.