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HidroxiCloriquina: Bolsonaro segue estimulando guerra que deveria ser restrita a cientistas

Não restam dúvidas da influência que o Presidente Jair Bolsonaro exerce através de suas redes sociais.

Pelos mais 6 milhões de seguidores, sim, mas também pelos mais desavisados sobre o que de mais profundo envolve as guerras travadas pelo grande líder.

Desde ontem este TL adverte a respeito da guerra político-ideológica em torno da medicação mais adequada no combate ao Covid-19.

O presidente resolveu  iniciar o Bom Dia desta quarta-feira, insuflando mais um pouco o grande – ou seria pequeno? – debate:

1- Há 40 dias venho falando do uso da Hidroxicloroquina no tratamento do COVID-19. Sempre busquei tratar da vida das pessoas em 1° lugar, mas também se preocupando em preservar empregos. Fiz, ao longo desse tempo, contato com dezenas médicos e chefes de estados de outros países.
 
2-  Cada vez mais o uso da Cloroquina se apresenta como algo eficaz. Dois renomados médicos no Brasil se recusaram a divulgar o que os curou da COVID-19. Seriam questões políticas, já que um pertence a equipe do Governador de SP?
3- Acredito que eles falem brevemente, pois esse segredo não combina com o Juramento de Hipócrates que fizeram. Que Deus ilumine esses dois profissionais, de modo que revelem para o mundo que existe um promissor remédio no Brasil.

O infectologista Davi Uip, que chefia o Centro de Contingência contra a COVID-19 em São Paulo, contraiu a doença. Está curado. Espalhou-se o boato de que teria recorrido à cloroquina.

E o bolsonarismo — incluindo o general Augusto Heleno, chefe do GSI (Gabinete da Segurança Institucional) — passou a cobrar que ele viesse a público para dizer se tomou ou não o remédio. Uip preferiu não se manifestar. E fez bem.

Sabem por que fez bem? Porque não se trata de uma questão pessoal. Ele é um médico. É um especialista. Seu testemunho, nessa perspectiva, não tem importância. Se diz que não tomou, parece que se opõe a pesquisas que estão em curso. Digamos, no entanto, que tivesse tomado. Pergunto: e daí?

Imaginem as consequências se um dos maiores infectologistas do país, chefe de um programa de combate à Covid-19, viesse a público para dizer que tomou, sim, a cloroquina.

Poderia ser um convite  que o remédio passasse a ser usado a torto e a direito, sem maiores cuidados. Pior: estimularia de maneira irresponsável a automedicação. A cloroquina é uma substância perigosa sem o devido controle médico.

A propósito: o avião que trouxe Bolsonaro de Miami despejou 22 contaminados em solo pátrio. Há, entre eles, quem tenha tomado a cloroquina? Ora, que deem, então, seu testemunho. E arquem com as consequências.\

Dessas mesmas vítimas do vírus, houve quem se declarasse contaminado desde a primeira hora. mas houve quem preferisse negar e não mostrar exames como prova contundente de sua palavra. A dúvida, ali, ficou no ar.

Agora há pouco, o Dr. Roberto Kalil, do Sirio Libanês, admitiu à imprensa o uso de cloquina e defendeu o uso da droga ser ministrada em pacientes hospitalizados.

Mas essa opinião está longe de ser majoritária nos estudos em andamento.

O futuro próximo poderá mostrar que ele está certo. Ou não. A quem cabe orbitar, certamente, não é a mim, ao leitor leigo, nem ao presidente Bolsonaro.

 
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