* Napoleão Veras
A foto de Vicente é comovente.
Dentre as incontáveis imagens produzidas pela pandemia, a escolhi, desde há muito, como a preferida.
O homem de aguda sensibilidade, na soleira da porta do hospital, nos limites de um mundo e outro, entre a vida e a doença potencialmente mortal, voltando dali emocionado para o lado de cá.
Tão ligeiro veio vindo que se esqueceu de retirar do braço as pulseiras da internação aflitiva.
Procurei demoradamente uma legenda que nomeasse a intenção dos braços levantados, e dentre algumas fiquei com duas:
“Olhe eu aqui de novo” e
“Me rendo… à vida”.
O reencontro com o dia a dia que sempre cantou, de quem é admirador cativo, e seu poeta inspirado.
Sabendo-lhe a alma ansiosa fica fácil imaginar os nervos do exato instante.