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Inclusão de aluno autista é ameaçada numa das escolas mais tradicionais do RN

O Rio Grande do Norte foi pioneiro em inclusão de alunos com deficiência em escolas (ditas)  para alunos normais.

Foi um avanço graças a muita luta de pais, pedagogos, OAB e promotores de justiça que na época implementaram a primeira promotoria especializada para tratar o tema ainda tão delicado e nebuloso. O desconhecimento reinava ali,  décadas de 80/90.

Uma página que parecia virada na história da pedagogia do Estado.

Agora, o mesmo quadro volta a acontecer com uma novidade; a inovação das aulas virtuais necessárias em tempos de  pandemia de Coronavirus e a falta de sensibilidade dos responsáveis pedagógicos em igualar as demandas dos desiguais.

Um pouco dos fatos que vêm abalando às famílias com filhos em idade escolar.

A mãe da criança,  a advogada Eva Fontes foi comunicada no início deste ano pelo Colégio Marista de Natal, a escola de seu filho,  que ele estava apresentando alguns problemas comportamentais.

Com o início da pandemia, o quadro ficou ainda mais evidente no convívio do lar. A família procurou ajuda médica e teve o diagnóstico de AUTISMO.

Para uma criança com 6 anos, iniciando o tratamento e as terapias, foi impossível acompanhar o  método de ensino à distância. A médica e profissionais da área  atestaram a impossibilidade dele assistir aulas nessa modalidade.

A família contratou psicopedagoga cujo valor quase equivalia ao da mensalidade da escola.

Sem sucesso nas diversas tentativas de tratar o assunto com a direção do colégio de forma amistosa,  a mãe ingressou com ação judicial em que foi vitoriosa com uma liminar para não pagar a integralidade da mensalidade enquanto as aulas fossem mais à distância.

Mas, as aulas voltaram para um sistema híbrido e o aluno precisa voltar a assistir aulas presenciais. É o formato mais adequado para seu quadro de saúde mental. A família precisa de uma exceção para que ele assista todos os dias de forma presencial.

A direção da escola não entende e parece não querer entender a peculiaridade do caso, se furtou a conversar com a família do aluno e nem sequer recebeu o pai quando esteve na escola, esta semana,  para falar com o diretor.

Respondeu a demanda judicial, questionando os laudos apresentados pela família.

A decepção é enorme pela falta de sensibilidade da escola, até pelo cunho religioso tão determinante no momento da escolha e da matrícula.

Onde a prática?

A luta de Eva – que não é só dela, mas de todas as Marias, Anas, Joanas…  – continua.

E vai permanecer,  enquanto o pequeno estudante não for tratado com o devido respeito que qualquer criança matriculada em escola em solo brasileiro tem  assegurado pela Constituição Federal. Uma luta que nenhum irmão deveria ignorar.

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