Ministro Fachin assume presidência do STF sem festas e com estilo oposto ao antecessor Luís Roberto Barroso

O STF (Supremo Tribunal Federal) ganha hoje novo estilo. Com perfil técnico e postura política reservada, o ministro Edson Fachin assume a presidência da Corte sob a sombra de Alexandre de Moraes, eleito como vice, e a expectativa de conduzir uma gestão oposta à de seu antecessor, Luís Roberto Barroso.
Avesso a entrevistas e ausente em eventos que possam revelar suas opiniões pessoais, Fachin, 67 anos, chegou à Corte em junho de 2015 para substituir Joaquim Barbosa, que havia renunciado ao posto. Indicado pela então presidente Dilma Rousseff, é natural de Rondinha (RS) e doutor em direito pela PUC-SP. Fez carreira no Paraná, onde se formou em direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e atuou como procurador do Estado.
Conhecido no meio jurídico por defender causas sociais, como a reforma agrária e o direito dos indígenas e dos trabalhadores, o novo presidente do STF ganhou notoriedade ao assumir a relatoria da Lava Jato em 2017, após a morte de Teori Zavascki.
Passou de ídolo a inimigo dos bolsonaristas em 2021, quando anulou as condenações de Lula na operação, tornando o petista novamente elegível.
A eleição de Fachin e Moraes seguiu a tradição do STF de “promover” ministros com mais tempo de casa.
A cerimônia de posse marcada para começar às 16h acompanhará o perfil do novo comandante: sem festa (em contraponto a Barroso) e com a presença apenas de colegas, familiares e os demais chefes dos Poderes.
INFÂNCIA DIFÍCIL COMO VENDEDOR DE LARANJAS
A simplicidade e o avesso a badalações são marcas pessoais de Fachin, que teve uma infância difícil antes de deslanchar na carreira. Durante as 12 horas em que foi sabatinado no Senado em 2015, o então candidato a ministro afirmou ser um “sobrevivente” e contou ter trabalhado como vendedor de laranjas para ajudar no sustento da família.
Ainda durante a arguição, afirmou ser progressista e admitiu ter apoiado a reeleição de Dilma Rousseff um ano antes. “Gostaria de salientar que não tenho nenhuma dificuldade, nenhum comprometimento, caso, eventualmente, venha a vestir a toga do Supremo Tribunal Federal, em apreciar e julgar qualquer um dos partidos políticos que existam em nossa Federação”, assegurou à época.
Diante das dificuldades que o governo petista enfrentava no período, Fachin enfrentou resistências a seu nome, sendo aprovado por 52 votos favoráveis e 27 contrários no plenário do Senado. Votação que só não foi mais apertada que as de André Mendonça (47 a favor e 32 contra) e Flávio Dino (47 votos a favor e 31 contrários).
Fonte: Uol e Folha
