(Publicação original em 15/03/2019)
O isolamento social tem sido a maior oportunidade de se provar um pensamento que de tão repetido, perdeu a autoria. Virou domínio público.
E afetivo.
Não restam dúvidas. É certo.
Os netos são a sobremesa do banquete da vida.
Deliciem mais esta, com cara de notícia de jornal sensacionalista.
AMEAÇADO PELO NETO, IDOSO RECORRE A EMPRÉSTIMO BANCÁRIO.
Tem coisas que só aprendemos depois que viramos avós.
Uma delas é não provocar as reações mais primitivas dos putos (como se chamam os miúdos, carinhosamente, lá na terrinha) na hora de presenteá-los.
Não se pode vacilar.
Qualquer erro é um desastre.
Desconfie se o agradecimento for o silêncio.
Ou até mesmo um sorriso amarelo, como foram exaustivamente treinados pelos pais.
Evite dar roupas, exceção para as estampadas com super-heróis.
Infalíveis como nos veem, os avós podem sofrer as mais traumáticas consequências.
Ao provocar, de mentirinha, que no quarto aniversário do segundo neto (numerado com orgulho, como todos avós fazem) o regalo seria um pijama com desenho de carneirinhos, veio de pronto a ameaça inesperada:
-Se fizer isso, nunca mais venho chupar jabuticaba com você.
Como não sou nenhum vovô-bobão, já estou pesquisando se a Caixa financia Castelo do Aquaman.