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VIAGEM NO TEMPO


O rio de janeiro, fevereiro e março continua o mesmo.

Quem diria que alguém pudesse, no próximo século,  ter saudades do chaguismo?

O jornalista Chagas Freitas fez um governo de pecados veniais. Um empreguinho aqui, outro acolá. Coisas de varejo, clientelismo e oposição adestrada, consentida pelo regime militar.

Foi sucedido por Brizola.

Depois, as páginas políticas se confundem com as policiais.

Corria o ano da graça de 1977.

(Publicação original em 29/05/2019)

MUITO PRAZER, RIO

Viagens aéreas. Acontecimentos raros,  especiais, extraordinários, sempre planejados  com  muita antecedência.

Já foi assim.

Toda a família, os 50 vizinhos da direita e outro tanto da esquerda eram comunicados e participavam dos preparativos da epopeia.

Criava-se uma expectativa  que incluía sempre a inevitável pergunta, se o viajante tinha medo de voar.

Quem não tinha, acabava tendo.

Ninguém ficava sem os conselhos dos  mais voados e experientes.

Verdadeiros tutoriais com orientações que incluíam uísque e cigarro. Antes, durante e depois.

A indumentária, um capítulo à parte.

No saguão-passarela, desfilava le dernier cri de la mode.

Esporte fino ou domingueira para os mais jovens.  Bem sucedidos, paletó e gravata.

Sobre as cabeças, os aviões. E os penteados. E muito laquê.

Não faltavam os comitês de despedida e recepção. Proporcionais à distância, motivo e duração do tour.

Regra da boa etiqueta: quem não podia comparecer, justificava a ausência.

Como não se  pensava ainda em SEDEX, sobravam encomendas. A serem entregues no aeroporto. E a  depender do conteúdo, sempre muito aguardadas. Por muita gente.

Na família da namorada, uma mala sempre entalada com carne de sol e complementos, competia com pilotos experientes, horas de vôo,  no trajeto Natal-Rio.

Com tantas escalas, devo ter atrasado uma eternidade.

Só isso para explicar, no desembarque, a reação  daquele parente meio distante, meio idoso, conhecido pela irreverência (às vezes, pelo mau humor) que seria apresentado na ocasião mas recusou o aperto de mão.

”Não quero conhecer mais ninguém.

Já convivo com muita gente ruim nesse mundo.“

Viramos amigos.

Ele levou-me aos melhores lugares da cidade. Desde o primeiro Degrau.

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