PALAVRAS SEM DESTINO
Até a patroa, leitora voraz e frequente de livros grossos, às vezes, desiste de ajudar na busca pela palavra mais adequada.
Começa um jogo viciante de associação de ideias e situações, até que apareça enxuto, desprovido de enfeites e balangandãs, o vocábulo adequado e perfeito.
Quem há de saber, não será esta a explicação para a amargura dos poetas, ensimesmados em rimas e métricas.
E assim seguem as letras, cheias de perigos, incertezas, gentílicos, alcunhas, agnomes e antonomásias.
O sinal de alerta foi disparado, pelo filho zero-dois, em andanças pela Escandinávia, qual a pessoense Luísa no Canadá, que deve ter se acostumado logo com as belezas das geleiras e fiordes.
A única explicação para arranjar, com fuso horário e tudo, tempo livre pra comentar as digressões do pai.
Perguntou, em tom mais de gozação que de crítica, quando o Território Livre iria trazer um glossário com os termos pouco habituais.
As lembranças de estórias perdidas nas gavetas empoeiradas da memória, quando passam de HD para RAM não atualizam o palavreado.
Deve ser esta a explicação plausível para, passados três anos e uma pandemia, o estilo continuar com ares enigmáticos.
Já passou da hora do aprendiz de cronista confessar que tem digitado palavras que nunca pronunciou na vida, e trazido outras em línguas estranhas, até para as os padrões dos terreiros de umbanda.
Como no jogo do bicho, aqui, o que vale são as escritas.
As de pouco uso no linguajar coloquial, surgem como se fizessem parte dos personagens evocados. Algumas, em tonalidades desbotadas, um tanto démodés.
Prova que palavras importadas não saem da moda, o copidesque do iPhone colocou um segundo, e esquecido, acento agudo no galicismo.
Quando publicamos nossos rabiscos, esperamos alcançar o maior público possível, mas sermos também compreendidos, é preciso e necessário.
Na imensidão da blogosfera nunca se sabe quem está recebendo a mensagem. Nem como ela chega ao alvo.
A voz interior do superego, nosso infalível feedback, é que explica, ou complica:
É a comunicação, estúpido!