A NOVA ESCOLA RISONHA E FRANCA
A resposta ao cumprimento pela aprovação no ano escolar mais atípico de todos, deixou o avô atordoado.
Na verdade, nem sei como fui aprovado. Eu mal tive aulas…
O que parecia transitório, poderá ser mais permanente que possam imaginar a clássica psicopedagogia e os modernos discípulos de Piaget.
Quando a escola para continuar, teve de adotar o ensino à distância, notebooks e smartphones, antes proscritos e abominados, passaram a ser as próprias salas de aula.
Agora não dá mais para voltar a proibi-los. Inevitáveis, aproveitemos seus infinitos recursos.
Para continuar franca, a escola pós-pandêmica vai consumir todo o álcool em gel estocado, para retirar o bolor acumulado nos manuais das boas práticas do ensino convencional.
As fases de desenvolvimento infantil não poderão continuar com classificações que desconsiderem capacidades e habilidades com equipamentos, engenhocas, gadgets e similares eletrônicos.
O que era rotulado de transtorno da atenção passará a ser visto como inabilidade do professor em manter o interesse no conteúdo didático.
Desvios do padrão da normalidade, antes comuns em diferentes estágios da infância, serão obrigatoriamente reavaliados.
Como continuar carimbando de anormal, a hiperatividade de um fera no joguinho de mão, que faz campeão quem mais pontos alcançar no frenético bate-dedos, na telinha piscante do tablet?
Déficit de atenção em quem além de ligado, anda sempre plugado, está a merecer reanálise.
O longo período de introspecção alargou o espectro e o tamanho da geração que não deve ser rotulada com a sentença perpétua de transtorno autista.
Não dá pra imaginar que depois de tanto tempo isoladas no ambiente doméstico, convivendo com poucas pessoas, cumprindo torturante rotina, as crianças não tenham se tornado mais absortas em seus pensamentos .
Nascidos num mundo inundado de tecnologia, da vida uterina guiada por ultrassom, para o primeiro telefone celular precoce, foi um passo, precedido de muito pouco engatinhar.
Preparar os jovens para o futuro, cidadãos conscientes das responsabilidades, defensores da natureza e da sustentabilidade do planeta, perseguidores de vida mais longa, saudável e feliz, continuará a missão da escola.
Mas, desta vez, são os mestres que precisam reaprender outros caminhos, para transmitir conhecimentos e alcançar objetivos.
O que não interessa ao educando, deverá ser eliminado das grades curriculares, por absoluta falta de motivação e utilidade.
Estima-se que mais da metade das profissões a serem exercidas pelos que estão sendo alfabetizados agora, sequer existam hoje.
As mudanças que passa a humanidade, pedem ensino adaptado a este novo mundo que já começou, veio pra durar, e em novas cepas que não param de surgir, sofrem mutações, que precisam ser decifradas, entendidas, aprendidas e ensinadas.
É tempo de mudar de fase.