A empresa sinônimo de instituto de pesquisas anunciou que vai encerrar suas atividades até o final do ano.
Mais uma morte causada pela pandemia ou terá sido por fatores naturais com falência e fadiga múltipla dos órgãos?
Fundada em 1942 por um radialista paulista que queria saber quais eram as emissoras de maior audiência, naqueles anos de guerra.
Passou a ser usado para provar o gosto popular.
Tornou-se indispensável aos empreendedores antes do lançamento de novos produtos e na hora de conhecer a concorrência, para enfrentá-la.
Associado à imprensa, antecipou resultados das eleições pela aferição das intenções de votos, fundados em ciência, matemática, estatística e feeling.
Preciso, ganhou crédito.
Não foi difícil para o marketing político descobrir que uma pesquisa favorável divulgada nas mídias, boca-a-boca, pelos boateiros, jornalões e emissoras campeãs de audiência, valia mais que meia dúzia de horários eleitorais gratuitos, dez carreatas e um punhado de adesões de lideranças vira-casacas, juntos.
O fenômeno maria-vai-com-as-outras cada vez mais estimulado, despertou o interesse dos candidatos, principalmente os que não atingiam os dois dígitos.
E como eram muitos, muitos outros institutos foram criados.
Agora, tem pra todo gosto.
Cheios de desculpas quando o apurado nas urnas fica longe do previsto.
Haverá sempre um fato novo a ser invocado e um cientista político para explicar o que ocorreu na reta final da campanha.
Ou uma outra evasiva qualquer, esfarrapada.
A celeridade da apuração eletrônica já havia ferido mortalmente as bocas de urna.
As tentativas de regulamentação da atividade, falharam todas.
O registro na justiça eleitoral facilitado, multiplicou os adivinhões.
Hoje, são em maior número que o dos partidos.
Resistiu à invasão yankee. Viu as tropas do General Gallup baterem em retirada. Avançou seu domínio pelas Américas até atingir a glória na entrada triunfal, em desfile, na Madison Avenue, a maior concentração de agência de publicidade por pé quadrado do planeta.
Sem vislumbrar mais espaços para crescer, depois de lançar vários tentáculos em múltiplos ramos de negócios, do meio ambiente à educação, dividiu-se em dois.
À metade que continuava o trabalho original da fundação, contando os pontos e constatando traços dos programas de TV, acrescentou mais dois nomes no cartão de visitas.
Kantar Media.
O lado que revela o gosto popular e preferência dos eleitores continua como Ibope Inteligência.
É a metade da laranja a ser chupada ainda este ano e a empresa que prevê a própria morte, com precisão, sem considerar margens de erro.
Seus dirigentes também já deram a notícia que vão continuar no ramo das pesquisas, aposentando o famoso nome.
Que, sem donos, não deixará de existir nem será esquecido.
Mesmo depois da baixa no CNPJ, o Ibope continuará nas mentes e no linguajar dos brasileiros.
Muito mais que uma gíria ou dito popular, nos dicionários, o verbete para sempre vai ser sinônimo de aceitação, sucesso e prestígio.
Ou fracasso.
Os mesmos que hoje estão dando picos, com o maior, em alta, amanhã, poderão não estar gozando esse Ibope todo.