27 de abril de 2024
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IBOPE EM BAIXA

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A empresa sinônimo de instituto de pesquisas anunciou que vai encerrar suas atividades até o final do ano.

Mais uma morte causada pela pandemia ou terá sido por fatores naturais com falência e fadiga múltipla dos órgãos?

Fundada em 1942 por um radialista paulista que queria saber quais eram as emissoras de maior audiência,  naqueles anos de guerra.

Passou a ser usado para  provar o gosto popular.

Tornou-se indispensável aos empreendedores antes do lançamento de novos produtos e na hora de conhecer a concorrência, para enfrentá-la.

Associado à imprensa, antecipou resultados das eleições pela aferição das intenções de votos, fundados em ciência, matemática, estatística e feeling.

Preciso, ganhou crédito.

Não foi difícil para o marketing político descobrir que  uma pesquisa favorável divulgada nas mídias, boca-a-boca, pelos boateiros, jornalões e emissoras campeãs de audiência,  valia mais que meia dúzia de horários eleitorais gratuitos, dez carreatas e um punhado de adesões de lideranças vira-casacas, juntos.

O fenômeno maria-vai-com-as-outras cada vez mais estimulado,  despertou o interesse dos candidatos, principalmente os  que não atingiam os dois dígitos.

E como eram muitos, muitos outros institutos foram criados.

Agora, tem pra todo gosto.

Cheios de desculpas quando o apurado nas urnas fica longe do previsto.

Haverá sempre um fato novo a ser invocado e um cientista político para explicar o que ocorreu na reta final da campanha.

Ou uma outra evasiva qualquer, esfarrapada.

A celeridade da apuração eletrônica já havia ferido mortalmente as bocas de urna.

As tentativas de regulamentação da atividade, falharam todas.

O registro na justiça eleitoral facilitado, multiplicou os adivinhões.

Hoje, são em maior número que o dos partidos.

Resistiu à invasão yankee. Viu as tropas do General Gallup baterem em retirada. Avançou seu domínio pelas Américas até atingir a glória na entrada triunfal, em desfile, na Madison Avenue, a maior concentração de agência de publicidade por pé quadrado do planeta.

Sem vislumbrar mais espaços para crescer, depois de lançar vários tentáculos em múltiplos ramos de negócios, do meio ambiente à educação, dividiu-se em dois.

À metade que continuava o trabalho original da fundação, contando  os pontos e constatando traços dos programas de TV, acrescentou mais dois nomes no cartão de visitas.

Kantar Media.

O lado que revela o gosto popular e preferência dos eleitores continua como Ibope Inteligência.

É a metade da laranja a ser chupada ainda este ano e a empresa que prevê a própria morte, com precisão, sem considerar margens de erro.

Seus dirigentes também já deram a notícia que vão continuar no ramo das pesquisas, aposentando o famoso nome.

Que, sem donos, não deixará de existir nem será esquecido.

Mesmo depois da  baixa no CNPJ, o Ibope continuará  nas mentes  e no linguajar dos brasileiros.

Muito mais que uma gíria ou dito popular, nos dicionários, o verbete para sempre vai ser sinônimo de aceitação, sucesso e prestígio.

Ou fracasso.

Os mesmos que hoje estão dando picos, com o maior, em alta, amanhã, poderão não estar gozando esse Ibope todo.

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