27 de abril de 2024
Geral

Covid-19 pulou de morcegos para humanos sem muitas mudanças, diz estudo

Da Revista Galileu

Um estudo realizado por pesquisadores do Reino Unido, Estados Unidos e Bélgica mostrou que nos primeiros 11 meses da pandemia de Covid-19 (contando a partir de dezembro de 2019) poucas mudanças genéticas “importantes” foram observadas nas centenas de milhares de genomas sequenciados do vírus Sars-CoV-2.

“Isso não significa que nenhuma mudança ocorreu, mutações sem significado evolutivo se acumulam e ‘surfam’ ao longo dos milhões de eventos de transmissão, como fazem em todos os vírus”, esclarece, em nota, Oscar MacLean, pesquisador da Universidade de Glasgow, na Escócia, e primeiro autor do artigo publicado na sexta-feira (12) na revista científica Plos Biology.

Segundo MacLean, “o que tem sido tão surpreendente é o quão transmissível o Sars-CoV-2 tem sido desde o início [da pandemia].” Em geral, após saltar para uma nova espécie hospedeira, os vírus levam algum tempo para se adaptar e adquirir novas características que possibilitem uma maior disseminação. A maioria deles nunca ultrapassa esse estágio, provocando apenas surtos localizados.

Algumas mutações encontradas no vírus tiveram efeito, como é o caso do substituto da proteína spike D614G, que está ligado ao aumento da transmissibilidade e a alguns ajustes espalhados no genoma do Sars-CoV-2. Mas, no geral, os processos evolutivos “neutros” dominaram.

Estudando as mutações do Sars-CoV-2 e sarbecovírus relacionados (grupo que engloba vírus que se hospedam em morcegos e pangolins), os autores encontraram evidências de mudanças bastante significativas — mas todas ocorridas antes do novo coronavírus ter começado a infectar humanos. Isso indica que a habilidade do Sars-CoV-2 de infectar humanos e outros mamíferos provavelmente evoluiu em morcegos, antes da disseminação do vírus entre nós.

Após um ano circulando ao redor do mundo, no entanto, o vírus está se modificando rapidamente se comparado à versão detectada em janeiro de 2020, que baseou as vacinas desenvolvidas até agora. Os imunizantes continuarão a ser eficazes contra a maioria das variantes existentes, mas quanto mais tempo levar para diminuir a diferença entre pessoas vacinadas e não-vacinadas, mais oportunidades o Sars-CoV-2 terá para se modificar. “A primeira corrida foi para desenvolver uma vacina. Agora, a corrida é para fazer com que a população global seja vacinada o mais rápido possível”, alerta David L. Robertson, um dos líderes do estudo.