Hospitais Maria Alice e Deoclécio Marques fecham suas portas. Secretário de Saúde explica os motivos
“Ação da Promotoria de Defesa da Saúde do Ministério Público Estadual obriga a Secretaria da Saúde a fechar todos os serviços de pronto-atendimento dos seus hospitais regionais.
Esta recomendação também transfere estes serviços para a rede básica de assistência, de responsabilidade dos governos municipais. A SESAP ainda não a cumpre por absoluta falta de opções.
No caso da Pediatria, o que vimos foi a descontinuidade do atendimento pediátrico nos postos de saúde, unidades básicas e no progrma de saúde da família.
Estes fatos que ocorreram paulatinamente superlotaram os prontoatendimentos dos hospitais, em especial o Hospital Maria Alice Fernandes, reconhecidamente um dos melhores e mais resolutivos de nossa rede.
A sobrecarga de trabalho promoveu evasão de médicos, em particular aqueles que ingressaram através do último concurso público e que ficaram até quatro ou cinco meses sem receber proventos devido a entraves burocráticos. A substituição destes profissionais não tem sido possível mesmo contratando-os pela cooperativa de médicos. Tentativas de remanejamento tem sido feitas, com avanços modestos. Persiste um déficit de seis médicos para que a escala de plantonistas se complete. Com a carga horária extrapolada, resta apenas um pediatra por plantão. Este continua atendendo as intercorrências internas e as internações nas urgências referenciadas.
A solução mais viável e lógica seria a transferência de um serviço de prontoatendimento pediátrico que funciona precária e inadequadamente no Hospital Deaoclécio Marques em Parnamirim para uma unidade da Prefeitura Municipal. Esta ação, acordada com a secretaria municipal, liberaria quinze pediatras para o Maria Alice e ensejaria a regularização das escalas, a abertura de mais quinze leitos para internações, além de melhorar o fluxo dos pacientes atendidos na emergência do Deoclécio Marques. Houve imediata reação dos sindicatos de médicos e de servidores da saúde que promoveram ato público, com panelaço, contra as mudanças e a consequente desistência por parte das autoridades municipais.
A decisão de suspender temporariamente o prontoatendimento do Maria Alice visa preservar o hospital de mais perdas ainda. É desumana a obrigação para um só médico pediatra atender mais de duzentos pacientes por plantão, mesmo que mais de 90% deles sejam classificados como de necessidades ambulatoriais.
Tão logo seja possível, re-abriremos as portas do nosso prontoatendimento. Mas também ficaremos ansiosamente esperando o dia em que a atenção básica à saúde das nossas crianças esteja disponível em locais mais adequados.”
Domício Arruda Câmara – Secretário Estadual de Saúde.