26 de abril de 2024
Diversos

Operação culmina com prisão de 12 Policiais Militares acusados de corrupção

O Ministério Público Estadual repassou detalhes da Operação Novos Rumos, deflagrada nesta terça-feira (29), em conjunto com a Polícia Militar, que prendeu preventivamente 12 policiais lotados no 9º Batalhão da Polícia Militar, instalado no bairro da Cidade da Esperança, zona Oeste da Capital, que se associavam para a prática de vários crimes.

Tiveram prisões preventivas decretadas os seguintes Policiais Militares, todos lotados no 9.º BPM: Ivan Ferreira da Silva Tavares, André Luiz da Silva Pereira, José Cherls Firmiano da Silva, Isaac Raphael da Cruz Dumaresq, Thiago Vale Rabelo Teixeira, Damião Alves da Cunha, Marcos Garcia Marinho, Marcio José da Silva Martins, Werson Magno de Carvalho, Antônio Marcos Oliveira da Silva, Wilton Franco da Silva e Anderson Oliveira Frasseti Maia.

A Operação Novos Rumos é desdobramento da Operação Citronela deflagrada na última sexta-feira  na favela do Mosquito para repressão ao tráfico ilícito de entorpecentes e combate ao proveito financeiro do crime.

Participaram da entrevista concedida aos jornalistas, na sede da Procuradoria-Geral de Justiça, em Candelária, o Promotor de Justiça Jorge Tonel, com atuação perante a 11ª Vara, voltada para a auditoria militar, a Coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Promotora de Justiça Patrícia Martins, o Promotor de Justiça Sílvio Brito, o Comandante Geral da PM/RN, Coronel Ângelo Azevedo e o Comandante do Bope, Tenente Coronel Rodrigo Trigueiro.

“Há indícios claríssimos da participação quase simbiótica desses policiais numa prática contumaz de vários crimes”, informou o Promotor de Justiça Jorge Tonel sobre a atuação dos policiais do 9º BPM investigados e presos preventivamente por autorização da Justiça.

Investigação iniciada ainda em outubro do ano passado, inclusive com interceptações, revelou que policiais receberam vantagem indevida para livrar traficantes que haviam sido flagrados de posse de quantidade expressiva de entorpecente. Havia uma relação espúria entre os policiais presos e colaboradores de Joel Rodrigues da Silva, também preso na última sexta durante Operação Citronela na favela do Mosquito.

“Havia essa associação para corromper e obter vantagens por esse pessoal que não cumpria com o dever de ofício. O nome da operação é exatamente o objetivo que se quis imprimir Novos Rumos para a polícia militar do Rio Grande do Norte”, disse a Promotora de Justiça Patrícia Martins.

O Comandante da PM, Coronel Ângelo Azevedo, disse que a instituição ainda está finalizando o levantamento funcional dos policiais presos e identificou que, pelo menos um deles, o Thiago Vale Rabelo Teixeira, respondeu processo em âmbito interno da corporação.

“A PM tem 181 anos e não são fatos como esses que vão nos abalar. Lamentavelmente ainda existe esse tipo de acusação, mas estaremos sempre de cabeça erguida e prontos para apurar”, destacou o Comandante da PM.

Se observou que a prática de corrupção não era uma eventualidade, mas sim sistemática pelos 12 policiais presos e lotados no 9º BPM. Foram constatados na investigação, recebimento de dinheiro e bens como armas, notebook, perfumes, queijos, dentre outros, para a não realização dos flagrantes.

Outros fatos graves igualmente foram provados nos autos, como a ação de retardar, indevidamente, a realização de abordagem policial, após verificarem que pessoas não identificadas estavam furtando peças de roupa de uma Loja no bairro da Cidade da Esperança, dando tempo dos mesmos se evadirem e logo em seguida, os próprios policiais furtarem objetos, durante a noite, ao entrarem na loja para verificar a cena do crime, portanto com abuso de confiança e gravíssimo desvio funcional.

Também foi identificada a relação promíscua entre policiais militares e esquemas de jogos clandestino, mediante o recebimento regular de propina para se omitir em face de casas de “bingo” e outros jogos de azar.

A conduta dos policias investigados era objeto de repulsa e indignação dos próprios praças da corporação, que não compactuavam com o esquema, gerando-se conflitos com os investigados em razão de tais métodos, sendo que os policiais investigados desdenhavam dos colegas que questionavam tais ações e lhes cobravam honestidade.

A própria Polícia Militar já havia acionado o Ministério Público pedindo o aprofundamento de informações que davam conta da prática de crimes no âmbito do 9º BPM, dando a Corporação, na sequência, irrestrito respaldo às investigações realizadas pelo Gaeco. Os policiais estão detidos em batalhões da PM preventivamente enquanto é dada continuidade a investigação.