3 de maio de 2024
Economia

Com sede no RN, ALE Combustíveis prevê faturar R$ 20 bilhões em 2023

Desde o fim de fevereiro uma empresa 100% Glencore, a ALE Combustíveis mantém a aposta na expansão da rede de postos da marca e na ampliação da car- teira de grandes consumidores, com contratos de exclusividade, para acelerar o ritmo de expansão dos negócios em 2023.

Quarta maior do país, a distribuidora de combustíveis prevê faturar cerca de R$ 20 bilhões neste ano, com expansão de 25% frente aos R$ 15,9 bilhões registrados em 2022. Para tanto, pretende fechar 330 novos contratos, entre grandes consumidores e novos postos para a rede ALE, em um mercado cada vez mais concorrido e que ainda sofre com elevadas taxas de sonegação fiscal e adulteração.

“O cenário em 2022 foi muito turbulento para navegar. A prioridade foi atender aos cliente, especialmente aqueles com quem temos contratos de exclusividade”, disse em entrevista ao Valor o presidente da empresa, Fulvius Tomelin. Frente a 2021, o fatura- mento da empresa cresceu 6,5%.

Com a invasão da Ucrânia pela Rússia, os preços internacionais do petróleo e do gás natural dispararam e receios de escassez de combustíveis acabaram se confirmando, agravados pelo encarecimento do frete e rupturas na cadeia logística global.

No Brasil, que depende de importações para garantir o abastecimento doméstico, em particular de diesel, o corte de tributos no meio do ano, quando os estoques de combustíveis já haviam sido reforçados por causa do ce- nário global, adicionou desafios às operações e ao balanço financeiro das distribuidoras — de for- ma geral no setor, as margens fo- ram pressionadas em 2022.

Segundo o Tomelin, nos consumidores, esse ambiente reforçou a percepção de que garantia de suprimento é essencial e contribuiu para a aceleração da assinatura de novos contratos de exclusividade. No ano, a ALE conquistou 184 postos para sua rede, o maior número em oito anos, e firmou 255 novos contratos no segmento de grandes consumidores, maior marca em seus 26 anos de história. Em dezembro, contava com cerca de 1,5 mil postos e 2,5 mil grandes clientes.

“Foi uma adição de contratos em regiões estratégicas, com cres- cimento qualitativo”, disse o dire- tor de Marketing e Varejo da Ale- sat, Diego Pires de Almeida, acrescentando que o foco em postos da marca, e não no bandeira branca, e em clientes exclusivos se justifica porque esses segmentos oferecem a melhor proposta de negócio. Em volume, a rede ALE já é mais relevante que os postos bandeira branca para a distribuidora.

Em 2023, até o momento, contaram os executivos, os desafios à distribuição de combustíveis permanecem e as incertezas quanto à reoneração dos combustíveis dificultaram o planeja- mento no setor. “O ano continua desafiante”, disse Tomelin, acrescentando que o excesso de chuvas neste verão atrasou a safra, com reflexo direto no consumo de diesel. “Isso foi muito claro em janeiro”, observou.

Com 43 bases de distribuição, 3 escritórios e atuação em 21 Esta- dos e no Distrito Federal, a ALE acredita na recuperação da de- manda de combustíveis em 2023 e traçou como meta a comercialização de 3 bilhões de litros no ano.

No documento “Perspectivas de curto prazo para o mercado brasileiro de combustíveis” de fe- vereiro, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) projeta para 2023 crescimento de 3,1% no con- sumo de diesel, de 2,4% em gasolina C (com adição de etanol) e de 2,5% em etanol hidratado.

“Vamos continuar focando no nosso programa de fidelidade, na franquia de troca de óleo e, agora, na linha de combustíveis de transição energética”, afirmou Almeida. Lançada no meio do ano passado, a linha Energy já está disponível em mais de 500 postos, somente de bandeira ALE, e traz em sua formulação um aditivo que eleva eficiência e reduz de forma importante a emissão de poluentes.

Fundador da distribuidora, Marcelo Alecrim ainda tinha 12% de participação no negócio e presidia o conselho de administração até a última semana de fevereiro. Ao vender essa fatia remanescente para a sócia anglo-suíça, cinco anos depois de ter vendido 78% por R$ 1,7 bilhão, o empresário se desvinculou também da administração. O novo presidente do conselho ainda não foi escolhido.

“A ALE mudou muito nos últimos cinco anos, com a adoção de padrões internacionais a partir da chegada da Glencore, espe- cialmente em segurança e tecno- logia da informação. Mas a abordagem simples com a revenda e a essência da empresa continuam [mesmo com a saída de Alecrim]”, comentou Tomelin.

Fonte: Valor Econômico