6 de maio de 2024
Política

Ricardo Saud presta depoimento à PF em inquérito que investiga Fábio Faria

Por Camila Bomfim, TV Globo, Brasília, reproduzido pelo G1:

O ex-executivo do grupo J&F Ricardo Saud, delator da Lava Jato, prestou depoimento nesta quinta-feira (26) à Polícia Federal em Brasília.

O depoimento de Saud foi prestado no âmbito do inquérito que investiga o deputado federal Fábio Faria (PSD-RN). As suspeitas são de corrupção passiva e de caixa 2.

Ao deixar a sede da PF, Saud disse somente que o depoimento faz parte dos esclarecimentos adicionais previstos no acordo de delação. “Foi um depoimento do dia a dia da colaboração”, disse.

Durante as investigações, Ricardo Saud afirmou que Fábio Faria recebeu doações não declaradas à Justiça Eleitoral.

O delator disse, ainda, que a J&F repassou R$ 10 milhões para que a companhia de água e esgoto do Rio Grande do Norte fosse privatizada.

Segundo a Procuradoria Geral da República, apesar de ter havido o pagamento, a contrapartida não foi efetivada, porque a empresa perdeu o interesse no projeto.

Em setembro do ano passado, a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, autorizou a abertura de inquérito para investigar esse caso.

Após o depoimento de Saud, os advogados de Fábio Faria divulgaram a seguinte nota: “A defesa refuta veementemente as alegações, que considera equivocadas. Espontaneamente, apresentou documentos e evidências que comprovam a ausência de delitos. E se mantém à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos.”

Acordo suspenso

O acordo de delação premiada de Ricardo Saud com o Ministério Público Federal foi rescindido pela Procuradoria Geral da República em setembro do ano passado por suposta omissão de informações nos depoimentos.

Como a rescisão depende de decisão do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, o acordo está, na prática, suspenso.

A suspeita da PGR é que Saud e Joesley Batista, dono do grupo J&F, omitiram a informação de que foram orientados pelo procurador da República Marcelo Miller enquanto ele ainda atuava no Ministério Público. Saud, Joesley e Miller negam a acusação.