7.0
No rescaldo dos destroços do grande dilúvio seco, números, gráficos, estatísticas e relatórios revelam que aniversários não foram devidamente comemorados por longos e angustiantes dois anos.
Pelo menos, como das vezes anteriores, com viagens inesquecíveis para a coleção das que fechavam as décadas de números cheios e redondos.
Europa, 15 maravilhas em única excursão, aos 40.
Paris, só ela, nos 50.
Santorini para inaugurar a velhice do sessentão.
Lembranças do segundo filho que chegou tangendo as vacas magras dos 30; e até dos 20, ainda sob tutela e nenhuma festa, por conhecido costume maternal.
Redatores dos decretos governamentais perderam a oportunidade de uma justa compensação.
Tão simples, a suspensão da contagem do tempo em isolamento social e sua subtração da idade real, sem prejuízos ao envelhecimento futuro.
Mesmo quem nunca ligou para as próprias efemérides, mesmo para os auto-considerados pouco invejosos, mesmo quem sempre sonegou a informação dos anos bem vividos, a volta do tempo perdido é revigorante.
Para virar a página da existência, em tempos de bonança, depois da tempestade, e da chegada das múltiplas doses da vacina aos braços aflitos, analistas do comportamento humano ainda terão o que explicar.
Ocorreu uma sobrecarga maior de influência do inferno astral que antecede as datas pessoais, em período tão marcante?
Se de fato, a queda de energia e de vitalidade aconteceu, a reabertura das portas e corações, será de crescimento espiritual, como acreditam os esotéricos?
Chegou a hora de cumprir as promessas das muitas mensagens de felicitações à distância, com todo o calor dos abraços apertados, esquecidos os medrosos toques de cotovelos.
A diferença já aparece nos retratos em #tbts, lembrando que nunca serão apagados os dois primeiros anos da terceira década, do vigésimo primeiro século.
Ninguém deixa de lembrar que foram de calção e camiseta, barba de bode velho, cabelos com saudades do barbeiro, e sem convidados para o bolo de padaria, e sem velas de indiscretos números reveladores.
Anos únicos, inigualáveis em reflexões sobre o sentido da vida.
As fotografias que não mentem, mostram a alegria contida, e a esperança, que tudo aquilo teria fim, e que a vida retomaria seu caminho sem volta.
Na peleja da velha trilha batida, ainda resta uma dúvida:
O novo setentão já pode volver a los sesenta y ocho?
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Assista o clip que completa o texto:
Mercedes Sosa, Chico Buarque, Caetano Veloso, Milton Nascimento e Gal Costa – Volver a los 17
Parabéns ao Cronista, modelo 7.0 DEUS continue abençoando em tudo sempre!!!
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