28 de abril de 2024
Fake News

FATOS & FOTO

D9DE7813-1FFF-42F8-891A-A9818B08F4D0Há quem considere a expressão fato verdadeiro, pleonasmo.

Que para ser fato, tem de ter acontecido. De verdade.

Outros, sustentam, com a convicção de um ex-petista que virou bolsominion, que fatos podem ser interpretados e a verdade, absoluta, não.

Uma boa discussão que, se alimentada, vai parar no Supremo.

Prato cheio para os 11 deuses do Olimpo mostrarem mais erudição, egos e picuinhas.

Vinte anos depois da morte misteriosa de Aída Curi, um dos mais renomados médicos do Rio de Janeiro teve que explicar a uma cliente bisbilhoteira, não ter nenhum envolvimento com o rumoroso caso.

Só depois é que lembrou que na época das investigações, havia sido entrevistado por um jornal sobre uma doença nefrológica, especialidade em que era expert, que um dos suspeitos era portador.

Crimes são fatos reais e verdadeiros mas comportam infinitas versões.

Estão aí as fakenews que deixam todos que delas usam, mentirem.

Quando chegou ao ponto que o fato pouco importava e o importante era a versão, foi criado o marketing político.

Sentados em volta de uma mesa coberta por toalha branca, uma jovem senhora, entre dois circunspectos cavalheiros, vestidos com o alvo de Oxalá e o azul de Ogum, diante  das oferendas, óculos, aparelhos celulares e uma garrafinha de álcool em gel.

O fato fotografado e divulgado.

Em tempos de pandemia, a versão que correu meio mundo, não foi a original. Precisou somente de uma pequena troca. Detalhes, para viralizar.

Continuou a aguardente em forma de Pitú.

Telefones e óculos de grau deram lugar às imagens de Iemanjá e outras santas menos louvadas.

O que deu mais verossimilhança ao objetivo da falsificação (ou brincadeira) foi o bonequinho de paletó, gravata e faixa presidencial.

Deitado. No sentido de derrubado.

A blusa de renda irlandesa e o diadema imaculado, marca registrada, completaram o cenário esotérico e a identificação da personagem central, alvo das insinuações.

O vilipêndio  não levou em conta as origens do nome da santa.

Do  persa, Donzela, a mulher que se guardou.

Nem o que representa para os árabes.

A mulher perfeita, filha preferida do profeta Maomé.

Não demorou muito, a espiral da curva caluniosa atingiu o ápice, na Praça dos Três Poderes, em Brasília.

Em discurso de manifestação contra o isolamento social, um auto-intitulado representante da cultura médica do Brasil, acreditando na versão e ignorando o fato, afastado da verdade, acusou de macumbeira que pratica vodu, a primeira governadora de origem popular.

Como quem conta uma mentira, em duas não fica, fez outras acusações. Mais graves.

Vai que cai na rede de um robô da direita furiosa, e Goebbels tenha razão?

É melhor soltar logo, outra Nota Oficial.

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