27 de abril de 2024
Política

A VELHA POLÍTICA


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             (Publicação original em 03/05/2019)

À moda antiga, sem intermediários, não há mais.

No varejo, acabou. Por força de lei.

Agora, as compras de votos só continuam de grosa pra cima. Negócios, por dentro e por fora, fechados nos melhores gabinetes.

Da velha política, da parte que acabou, sobram personagens e estórias.

                    BAGAÇO DA LARANJA

Quando a legislação eleitoral era bem mais  flexível, podia-se  quase tudo. E  fazia-se tudo.

O eleitor não era só mais assediado. Era paparicado.

Durante a  campanha já se sabia os candidatos que tinham chances reais de sucesso.

Era só observar a quantidade de camisetas e bonés, com rostos sorridentes e slogans otimistas, circulando nas ruas.

Para as famílias proletárias, uma visita às vésperas da eleição, um envelope recheado, um mimo de um corte de tecido ou uma cesta alimentar,  eram regras básicas da boa etiqueta.

Ao mesmo tempo em que o marketing investia em cartazes, santinhos, comícios e passeatas, verdadeiros cursos para facilitadores do voto eram ministrados.

Jovens treinados para ensinar eleitores analfabetos, funcionais ou não, como validar o sufrágio.

No dia do pleito, a organização ou sua falta determinava quem teria mais ou menos votos.

Todo detalhe era importante, a partir da logística dos transportes, dos sítios e distritos para a cidade.

Quem chegasse primeiro, aumentava as chances da conquista do voto.

A equipe de recepção, a postos no desembarque, próximo às secções eleitorais, tinha de ser ágil e vigilante.

O time adversário usava também suas estratégias para desviar os cidadãos e cidadãs para seus candidatos.

O número de indecisos podia ser aferido pela observação das pessoas que transitavam, sem dietas partidárias, nos vários pontos gastronômico- cívicos.

Aquela senhora havia chegado cedo, comido tudo que lhe ofereceram e já devia ter votado e voltado para sua comunidade .

A um sem número de cabos eleitorais, de todos os partidos, respondia sempre negativamente se já tinha cumprido o seu dever patriótico.

Já próximo do encerramento da votação, foi que revelou  sua explicação para tanta demora:

-Eleitor é como uma laranja.                         Depois de chupada, ninguém quer saber mais do bagaço.

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