27 de abril de 2024
Coronavírus

FALA QUE TE ÔVO

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Não são mais gastos 80 dias numa volta ao mundo.

Em segundos, pode-se ir de Ceca a Meca.

A pandemia diminuiu o tamanho do nosso planeta. As distâncias ficaram menores.

O bater das asas de uma  borboleta em Wuhan é sentido no nosso quintal.

Do que aumentou, não conseguimos ainda imaginar as consequências.

O medo.

Das pessoas desconhecidas. Dos estrangeiros. Dos viajantes. De quem leva e traz o mal invisível.

Brasileiros, com nossos números, curvas e recordes, seremos evitados em muitos países, por muito tempo.

As novas férias, domésticas, vão exigir conhecimento de outros idiomas, além do inglês básico para turistas. 

 

            (Publicação original em 28/06/2019)

LÍNGUAS ESTRANHAS

É um dom de Deus. Falar outras línguas, sem nunca tê-las estudado.

Há quem acredite que a criação divina terá atingido a perfeição quando todos os homens e mulheres estiverem se comunicando sem as barreiras dos idiomas.

Pela celeridade dos avanços tecnológicos, este dia está bem próximo. Se já não chegou.

Basta ver a quantidade de tradutores instantâneos de voz, anunciados para  vendas online.

Os gadgets obram milagres. Mesmo sem a intercessão dos espíritos. Santos ou dissimulados.

Como estas novidades são negócios da China. Ou da Coréia. Sempre vindas de tão  longe,  carecem de adaptações para uso nos trópicos.

Talvez, resquício de preconceito contra nortistas, nenhuma startup desenvolveu ainda um módulo  para  comunicação em carioquês. Sem pesquisa de mercado, não atentou-se para a dimensão do potencial deste  público.

Muita gente aprendeu, assimilando o Método Globo,  usado para quem iria aparecer, chiando, na telinha da afiliada. O treinamento deve ter sido descontinuado.

De uns tempos pra cá, nota-se um nítido predomínio do jeito paraense de dar notícias.

-Tá pra ti, Ediana.                    

Em priscas eras, dividindo os espaços nos frontispícios das casas com anúncios de ‘Vende-se dindim’, era frequente encontrar  a plaquinha, ‘Ensina-se carioca’.

Quantos paus-de-arara não escaparam de bullying depois dos cursos de imersão que antecediam as viagens em busca dos emprego no sul-maravilha?

O médico-residente aumentou seu capital de habilidades  com a interpretação das queixas e sintomas dos conterrâneos, atendidos no hospital do Rio.

Na visita à beira do leito, o paciente com lesão na região dorsal é solicitado a ficar de bruços.

Nenhum movimento. Cara de quem tinha ouvido alguma coisa em grego. Ou troiano.

Foi aí que o intérprete pediu e o paraíba (terá sido baiano?) prontamente atendeu.

Emborcou.

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