DOUTORES DO ABC EM TEMPOS DE PANDEMIA
Mais um item a ser acrescentado ao imenso rol das mudanças trazidas pela pandemia.
Outra comemoração cancelada e consequências de difíceis previsões.
A primeira conquista do estudante, ponto de partida para outras muitas, fica sem a marca da alegria e da importância demonstrada pela amorosa presença familiar.
Este ano, com o ensino à distância, os Doutores do ABC não terão as celebrações festivas, cada vez mais sofisticadas.
Há muito, para o álbum de recordações, não basta a clássica foto da criança sentado ao birô, entre bandeiras, de farda alinhada e capelo.
Nas escolas menores, o clima de despedida das professoras e tias e a obrigatória transferência, foram amenizados pelo distanciamento.
Nas cabecinhas, a expectativa da nova casa de saber e a certeza que alguns colegas irão seguir por outros caminhos de incertos reencontros.
A crise sanitária que impediu as aulas presenciais, fez os métodos de ensino enfrentarem a primeira grande prova.
Alcançar a alfabetização, sem a presença próxima dos professores, foi o desafio imposto.
Os tempos que ficaram para trás, da vida escolar sem a pré-escola, tiveram de ser revividos.
Não foram poucas as famílias que por razões financeiras, suspenderam as matrículas dos filhos, o que os desconectou do ensino remoto.
A aprendizagem doméstica não se mostrou tão simples como podia parecer.
Os apelos que dispersam a atenção do aluno-filho estão por todo canto, incluído o computador doméstico, antes proibido ou limitado.
O que era objeto de restrições, sujeito ao uso apenas em períodos determinados, seguindo combinados e acordos, passou a ser a sala de aula e o playground em casa.
Ao final do ano letivo longe do ambiente escolar, chega o tempo da avaliação final.
A conclusão é evidente.
O conhecimento acaba sendo adquirido, com ajuda dos múltiplos estímulos, os eletrônicos, em particular,
O longo período de isolamento tem servido para vencer preconceitos e revelar verdades nunca postas à prova.
Mesmo pais que faziam sérias restrições ao acesso dos filhos aos smartphones, foram vencidos pelo cansaço e exaustão do repertório das brincadeiras educativas domésticas.
Equipamentos das mais avançadas tecnologias convivendo com o velho e bom livro, estão dando bons resultados.
Deverão permanecer no novo normal, nos comportamentos que estão sofrendo mutações permanentes.
Quando todos enfrentam as incertezas e a onda da reinvenção é inevitável, os anciãos não ficaram de fora.
Convidados para a festa do neto em transmissão,em tempo real, no YouTube, os avós em chamada de vídeo, apresentam desculpas pela ausência física.
O entendimento não tem dificuldades.
As noções de grupo de risco e vetores de transmissão da doença estão bem sedimentados nos pequenos, amadurecidos precocemente.
Aguardando explicações e análises psicopedagógicas, a dúvida que atormenta o aluno em seus primeiros passos.
–Vovô, fui aprovado.
Só não sei como passei.
Nem para a escola eu fui direito.