VIDA DE PRÍNCIPE
Com tantas incertezas enquanto a ilha se distancia do continente e um primeiro-ministro parecendo mais presidente de uma dessas republiquetas bananas, o que tira o sono dos ingleses é uma simples troca de domicílio de um jovem casal.
Só foi o sexto da vez, numa fila que não anda há 67 anos, anunciar que vai se afastar um pouco da casa da vó, para o tempo fechar e o fog tomar conta de toda Albion.
Os mais sensacionalistas tabloides não esgotam notícias da que já é a mais comentada mudança da história, desde que Svetlana Alliluyeva, a caçula de Stálin, fugiu para a América.
14 anos depois da morte do pai.
O menino que cresceu em meio a uma tragédia, está sendo visto agora como la pecora nera da família que tem história pra contar e muita estória picante pra esconder.
O ruivo, com jeito sapeca, foi jovem sem rebeldias, cumpridor das maçantes obrigações cerimoniais.
Ao procurar a cara-metade, não deu bolas para as alcoviteiras reais. Encontrou uma atriz de sucesso.
Estrangeira e afrodescendente.
É mulata mas é mulata americana, diria Jorge Dória em um dos seus cacos.
A segunda residência escolhida, foi no país de melhor qualidade de vida e o segundo mais desenvolvido do mundo.
O governo canadense não está nem um pouco preocupado que a presença das celebridades possam gerar gastos com medidas de segurança.
Pertencendo à comunidade britânica, consideram que o filho do futuro rei e sua digníssima, estarão em casa.
O valente príncipe, milionário, poderia viver de flozô.
Para ouriçar mais ainda os parasitas da corte, tem planos altruístas. E rentáveis.
Vai se dedicar a uma ONG em ações humanitárias e na preservação da natureza e defesa dos animais ameaçados de extinção.
A convite de um jornal carioca, uma empresa de recrutamento e seleção de pessoal elaborou um currículo principesco e foi à luta em busca de uma colocação para o suposto cliente.
Só encontrou dificuldades.
Acharam que está velho para disputar vaga com tanta gente mais nova entre 12 milhões de desempregados.
O cruel e plebeu destino seria fazer companhia aos tantos desalentados.
Houve até quem sugerisse que seria melhor tentar a carreira militar. Fazer concurso pra sargento.
Ou então, abrir uma birosca no mercado de Madureira.
Não passou nos planos de Henry Charles Albert David, o Duque de Sussex, uma guinada mais radical.
Se tivesse optado por outro lugar hospitaleiro, cosmopolita, pelos 400 quilômetros de praias de areias alvas e águas mornas, pelos incentivos do PROEDI e ser governado pela esquerda que adora confraternizar com os mais selvagens capitalistas, seriam novos potiguares.
Por uma pechincha de 2 milhões de libras compraria um castelo que outro herdeiro fidalgo, de origem e cruza, por motivo de trabalho da patroa, está vendendo em condomínio de bacana. Lá, com sua fama, não iria precisar nem pagar propina ao churrasqueiro. O bife angus já estaria sempre reservado para sua mesa. De pista.
Com a experiência de mediar arranca-rabos familiares, pacificaria os primos briguentos e todos dançariam ao ritmo da ave canora deixada pelo avô.
Não é que precise, mas pra cobrir alguma despesa extra, uma consultoria cairia bem.
Trabalho maneiro.
Orientar advogados em ações de danos morais contra uns blogoides que perderam a noção do que é privado e vivem de chafurdar a intimidade dos moços ricos, viajados, festeiros e invejados.