A DÉCADA DA PANDEMIA E A ERA DE AQUARIUS
O ano que estreou não precisou de outros comemorativos para ser tão falado. E aguardado.
Ser sucessor de outro que parecia interminável, fez da sua chegada, momento de alívio. E restaurou a confiança que parecia perdida.
Saudado com menos festa e mais recolhimento, poucos lembraram que também marca o fechamento de uma e o início de outra década.
A terceira do vigésimo-primeiro século da era cristã.
O calendário gregoriano registra e os escravos do tempo observam que a contagem, a cada dez anos, teve início trasantontem.
Quando os historiadores forem falar na maior pandemia de todas, haverão de contar que o auge de sua violência ocorreu no último ano da segunda década.
Que o novo período que começou em 2021, foi de redenção.
Logo nos seus primeiros dias, as pessoas começaram a ser vacinadas e antes do fim-do-ano, mais da metade da população mundial já estava imunizada. E a doença em franca regressão.
A mais estudada de todas as enfermidades, com dados estatísticos como nunca vistos, em pouco tempo, rendeu-se ao controle da Ciência.
Tratamentos estandardizados, aceitos universalmente como padrão ouro, empregados com pleno êxito naqueles cujos sistemas de defesa não produziam armas suficientes para a proteção.
Na metade da terceira década, a Organização Mundial da Saúde, com credibilidade restabelecida, já podia proclamar que o mundo estava, finalmente, livre da virose.
E que ela continuaria a existir por muitos anos ainda, como síndrome sazonal. Mais uma gripe (sem diminutivo), como as que acometem as vias aéreas nos meses mais frios do ano.
Depois de tantas perdas, a recuperação da economia mundial deixou os anos 20, inesquecíveis.
Na esteira do avanço da Medicina, vieram a produção industrial com respeito à natureza, o pleno emprego e a distribuição de riquezas, menos desigual, entre todos os povos.
Há vinte e um anos, o mundo esteve ameaçado por uma outra invasão, igualmente invisível e etérea.
Antecipada como corruptora de todos os programas dos computadores e destruidora dos seus arquivos.
Tornaria inservíveis os aparelhos eletrônicos. Provoracia o caos no transporte aéreo e muitos desastres. Atrasaria os trens e bloquearia as bombas de combustíveis.
Tão abrangente e devastadora, seria capaz de teletransportar todos os valores depositados nos bancos, para o ano 1900.
Em mil réis.
Sua ameaça motivou gastos com palestras, seminários, cursos e treinamentos.
Da ordem de 7 bilhões de dólares, somente no país tropical abençoado pelos deuses e bonito por natureza.
Por hipnose e engano coletivo, a tragédia anunciada foi esperada com um ano de antecedência.
Como fim de mundo, deu xabu.
E vexame aos profetas do apocalipse cibernético.
Quando o século XXI começou de verdade, em 2001, ninguém se lembrava mais do Bug do Milênio.
As vidas perdidas não serão jamais esquecidas mas o que vai ficando para trás é tragédia para ser lembrada como tendo ocorrido na década passada.
Já estamos em um novo tempo.
Vivemos a Era de Aquarius, anunciada pelos hippies há 60 anos e comprovada pela conjunção e alinhamento de Júpiter e Saturno, no último solstício de dezembro.
Estão vindo por aí, novos céus.
E uma nova terra.