2 de maio de 2024
CULTURA

A REVOLUÇÃO (DOS BICHOS) JÁ COMEÇOU

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Os sinais ainda são incipientes. Com tantas outras preocupações na pandemia, ninguém ainda deu a devida importância para os outros animais.

Eles já perceberam que os humanos serão mesmo os únicos afetados e já começaram a sair das suas tocas para retomar os territórios que perderam  para a ganância e a insensatez.

Os mais ousados já percorreram áreas ocupadas há séculos, mostrando para as câmeras de TV,  quem andava por ali,  antes de construírem cidades, ruas e monumentos.

Testaram os mais domesticados e concluíram que o coronavírus pode estar presente nos organismos, sem causar transtorno ou doença.

Cães e gatos são a prova que o ataque desses minúsculos e invisíveis seres é seletivo.

A guerra é pessoal. Contra os humanos.

Nenhum outro sofreu qualquer agressão, em nenhum lugar do mundo.

Até o bicho que esteve no centro dos acontecimentos quando todo o mal começou, já tem o que comemorar.

O velho hábito alimentar de ingestão de animais silvestres passou a ser tão execrável que a população de pangolins e outros pebas está livre da pimenta e das panelas.

Nos aceros e pés dos morros de dunas, a vegetação da mata nativa, resquícios da floresta tropical à beira do oceano, os bichos dão mostras que estão se preparando para assumir outros papéis mais relevantes na natureza.

Frequentadores de um parque de preservação já notaram que desde que os homens e as mulheres passaram a caminhar em número menor, sem os antigos grupos, em silêncio de resignação e recolhimento, outras famílias já dominam o pedaço.

Os jacus, antes ariscos e retraídos, avessos a  toda aproximação, fugidios em voos rasantes de galinha,  agora se reúnem nas áreas proibidas aos piqueniques, com a certeza que não serão importunados pelo outro bando de criaturas barulhentas e bagunceiras.

Uma espécie em particular foi convocada para missão mais arrojada.

Um pelotão deles já está posicionado além das trincheiras, muros e cercas, para os embates no campo de batalha dos inimigos.

As iguanas, deixaram as matas e invadiram os jardins. Mas não parecem satisfeitas com a destruição que provocam nas flores, nem se bastam de fazer das orquídeas, menu da dieta trivial do dia-a-dia.

Já fazem assaltos pelo interior das casas, em atitude de pura provocação, como se estivessem passando a mensagem que a invasão não vai parar. Outros chegam, camuflados para a guerra.

A batalha final já teve início.

O que tem ocorrido em uma  antiga casa mereceu estudo de estrategista com experiência na expulsão de timbus que aplicavam tática de guerrilha, em ataques  noturnos aos depósitos de lixo.

Desde que os marsupiais foram para outras paragens, os répteis avançaram e se estabeleceram.

Instalados no telhado, onde passam o dia no bem-bom de intermináveis banhos de sol, à noite reservam para outras movimentações.

As mensagens já foram decodificadas.

Tudo que eles transmitem é muito cristalino.

Vejam quem está por cima.

E para que não restem dúvidas, lá do alto, mandam seus petardos de odor insuportável como aviso que o território está demarcado.

Só falta agora provar que o coronavírus é a arma mais letal, criada pela federação dos animais para,  finalmente, tirar a raça dominante do poder.

Desde que os sapiens iniciaram a política expansionista,  há mais de 300 mil anos, não se via um movimento tão bem articulado pela supremacia zoológica.

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