A SELFIE INTERDITA
Maio de 2019, a vida velha normal corria na pujante Campina Grande, Paraíba, quando o mais notório cronista social, blogueiro e promoter cariri recebeu a ligação de um novo e promissor cliente.
Nestes casos e circunstâncias, para a ponta virar com menos marteladas, é bom bater o prego num almoço de negócios.
De preferência, no melhor restaurante da cidade, recentemente inaugurado.
Vamos então às apresentações, e o enredo da estória.
Nascido em Guarabira.
Único filho, torto, de um rico (bote rico nisso) empresário paulista. Ainda muito jovem e já cheio de responsabilidades.
O pai morreu repentinamente e o paraibano que já era executivo na empresa, transforma-se no CEO da maior companhia de táxis-aéreos do país.
Na cidade, só um pitstop. Veio organizar uma grande recepção para comemorar o aniversário da mãe que havia voltado às origens, precisava de apoio local, e só dispunha de dois meses para as providências.
Muita conversa revelou um apaixonado pela aviação. E um filho extremoso.
Detalhes anotados. Tudo certo e acertado.
Entre a sobremesa com delícias do sertão e o digestivo do vêneto, na falta de outras notícias, a visita do conterrâneo tão ilustre, acabaria nas redes sociais.
Com direito a elogios, fotos e selfies.
O empresário não contava que em São Paulo, curtiu o post, um amigo do dono do restaurante. Logo uma mensagem, com o resto do perfil do trambiqueiro contumaz, pousava na Rainha da Borborema.
O golpe só não deu certo porque o apressado convidado, com seu helicóptero de mentirinha já de motores aquecidas, precisava passar pelo hotel.
Seu vacilo foi dizer onde, de verdade, estava hospedado.
Aí ficou fácil.
O abortamento de mais um golpe de quem já tinha passagem na polícia, como deputado federal.
Sem um único voto.