1 de maio de 2024
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AGORA, CONTE OUTRA

Mercado dos tolos (1530) Quentin Massys – Galeria de Inagens, Berlin


O espírito da lei das
fakenews não conseguiu captar que  mentiras, só prestam as grandes.

Estórias completamente fora da realidade são contadas, repetidas e aumentadas. Tem sempre alguém  para acreditar nas mais cabeludas.

O difícil é o juiz,  intérprete da lei, definir com precisão, o tamanho da  mentira, mesmo se nas pequenas, houver um fundo de verdade.

A não ser os políticos, discípulos do filósofo Millôr Fernandes, que aprenderam com o mestre  a  nunca contar uma mentira que não pudesse ser provada.

As redes sociais são campo fértil para o cultivo de extravagâncias, falseios, notícias fantasiosas e tudo o mais ao alcance das criativas polpas dos dedos.

No vale-tudo pela primazia da informação, sites desenvolvem ferramentas  para testar a veracidade  antes que o novo  trending topic precise ser depois desmentido.

Muitas vezes o fake parece tão verossímil que é passado pra frente por pessoas sobre as quais não pairam dúvidas sobre caráter e credibilidade.

A mais exuberante foi a notícia,ilustrada por fotos e filmagens, que a Polícia Federal havia apreendido com uma ONG francesa, um diamante de escandalosas 2,5 toneladas.

Postagens e encaminhamentos singraram os mares da insensatez.

Até esta fantástica pepita amazônica, o recorde pertencia a uma pedra de 620 gramas (4 milhões de vezes menor), garimpada na África do Sul em 1905.

Nestas terras de Clara Camarão, as notícias falsas costumavam ser  divulgadas até pela propaganda oficial.

Exemplo maior, a  refinaria batizada com o nome da viúva do aculturado Potiguaçu,  rebaixada para a categoria ativo industrial, até ser  passada à frente  pelo leiloeiro  Paulo Guedes.

Tem ainda quem pense que usa a descarga do banheiro na primeira capital brasileira 100% saneada.

Erro de cálculo (essas coisas acontecem) ou a cidade cresceu tão rápido, que não deu tempo de enterrar 64% dos canos.

Como quem conta uma não dá conta, a CAERN passou também a anunciar sucessivos  lucros nos balancetes.

Mais milagres  a serem atribuídos a Nossa Senhora da Privatização.

Dois coletores de impostos (1530) – Quentin Massys – Palácio Liechtenstein , Viena

 (Texto sobre publicação original de 10/09/2019)

One thought on “AGORA, CONTE OUTRA

  • Geraldo Batista de Araújo

    O ex-aprendiz está dando lição até a quem pensa que é escritor como eu só porque publicou dez livros.

    Resposta

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