1 de maio de 2024
Opinião

Agosto Lilás com as cores da omissão e impunidade

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Roda Viva – Tribuna do Norte – 01/12/21

A força da opinião pública descobriu as cores para, submetida a ela, os temas aceitos como “politicamente corretos” se fizessem lembrar em inúmeras campanhas, associadas as sete cores que formam o espectro visível: vermelho, laranja, amarelo, verde, ciano, azul e violeta. Além de muitas outras cores que não estão no gibi.

O cião ou ciano uma cor subtrativa (pigmento) primária e cor aditiva (luz) cião ou ciano secundária, resultante da mistura das luzes azul e verde no sistema RGB, tendo como cor complementar o vermelho. Também chamado de verde-água ou azul-piscina.

Como o nosso propósito não é tratar de cores, vamos deixar essa tarefa para os especialistas e lembrar o que é indiscutível como as cores tem ajudado a lembrar temas ou doenças provocando a população.

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AS CORES DA SAÚDE

Na área da saúde existem mais de 30 cores usadas para divulgar doenças e cuidados que precisam ser tomados, para identificar e divulgar algumas doenças.

As mais divulgadas:

Leucemia (laranja); Fibromialgia, Alzheimer e Lúpos (roxa) – Fevereiro. Câncer de rim (vermelho) – Março. Câncer de testículo (lilás) – Abril. Hepatite (verde e amarelo) – Maio. Câncer de Pele (preto) – Junho. Linfoma (verde claro) Agosto. Câncer de mama (rosa) – Outubro. Câncer de próstata (azul).

Algumas dessas campanhas são autorizadas por lei, porém a maioria delas depende do esforço dos seus promotores locais, assim como dos apoios recebidos e capacidade de mobilização.

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AGOSTO LILÁS

Ainda em tempos de pandemia, a campanha do “Agosto Lilás” foi uma das melhor estruturadas em Natal.

Trata-se de uma campanha de enfrentamento à violência contra a mulher, instituída por meio da Lei Estadual nº 4.969/2016, com objetivo de intensificar a divulgação da Lei Maria da Penha, sensibilizar e conscientizar a sociedade sobre o necessário fim da violência contra a mulher, divulgar os serviços especializados da rede de atendimento à mulher em situação de violência e os mecanismos de denúncia existentes.

Uma campanha com história. Nasceu em 2016, idealizada pela Subsecretaria de Políticas Públicas para Mulheres, para comemorar os 10 anos da Lei Maria da Penha, reunindo diversos parceiros governamentais e não-governamentais, prevendo ações de mobilização, palestras e rodas de conversa – e desde então vem se fortalecendo e consolidando como uma grande campanha no enfrentamento à violência contra a mulher, que já alcançou um público aproximado de 419.404 pessoas em todo o Estado, de 2016 a 2020.

FAÇA O QUE DIGO

Agosto Lilás contava com mecanismos de atuação como nenhuma outra.

Começando pelo Núcleo de Defesa da Mulher Vítima de Violência proporciona a concretização dos direitos das vítimas da violência, dando maior efetividade aos institutos da Lei 11.340/2006 – Lei Maria da Penha, iniciando-se com o atendimento, orientação e acompanhamento jurídico – judicial e extrajudicial – das Mulheres vítimas de violência.

Pois bem, com tudo isso, em pleno mês de Agosto Lilás, uma mulher foi espancada por um homem, nas dependências de uma repartição pública e as reações registradas em vez de denunciar, procuraram justificar a agressão (isso numa casa legislativa), a Câmara Municipal, sem ter aparecido uma só voz, entre tantas militantes do feminismo, para defender a mulher agredida e denunciar o seu agressor.

Reação semelhante a de inúmeras entidades – públicas ou não – que existem para denunciar quem agride as mulheres e oferecer meios e apoio a quem sofreu agressão. E que adotaram o silêncio e a omissão como reação.

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VERGONHA PARA TODOS

Poucos grupos de ação tem se mostrado tão atuantes, unidos, organizados e barulhentos como o de enfrentamento da violência contra a mulher.

Menos para o que aconteceu no interior da Câmara Municipal de Natal contra a jornalista Renata Fernandes Paiva, que acrescentou uma nova cor nesse contexto de violência, o roxo (dos hematomas espalhados pelo corpo da agredida).

A jornalista ficou falando sozinha ao denunciar (com provas irrefutáveis) as agressões sofridas dentro do prédio da Câmara Municipal mesmo tendo revelado a identidade do agressor (seu chefe no serviço público), o também jornalista, Rodrigues Neto.

Renata não recebeu, de nenhum grupo, um mínimo de apoio.

Nem uma nota de protesto ou solidariedade do movimento em defesa da mulher, nem dos jornalistas, nem nada.

Semana passada, a obra completou-se com a conclusão do processo aberto na Câmara (sem ter tido cobertura nos meios de comunicação), até um relatório confirmando a agressão e encaminhado ao Presidente da Câmara.

O capítulo final não podia ser mais vergonhoso:

“Assim a existência de lesões físicas sofridas pela Sra. Renata, os documentos, os registros fotográficos colecionados, as imagens juntadas aos autos e demais informações colhidas, bem como o ambiente conflituoso criado naquela oportunidade, são indícios que impedem o arquivamento sumário, sendo prudente diante da supremacia do interesse público, a abertura de processo administrativo disciplinar”.

E o Presidente da Câmara, vereador Paulinho Freire decidiu mandar o processo para o arquivo. Ponto final. – A campanha não é para todas.

Quem não é da patota, ou – por alguma razão – não merece atenção do sistema, que apanhe. O agressor não será incomodado. Renata que o diga (aos poucos que lhe deram ouvidos).

Direito de pergunta: – Depois desse Agosto Lilás quem vai botar cor em algum mês do ano em Natal para fazer algum denúncia.

2 thoughts on “Agosto Lilás com as cores da omissão e impunidade

  • Noviniel

    Cada vez mais me decepciono com os políticos. É por essas e outras, que justifico, cada vez mais, meus votos em branco!

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  • Justiça

    Essa moça é uma farsante. Não foi espancada coisa nenhum. Há inúmeras testemunhas, filmagens e tudo que provam que ela mente. Você insiste nesta história pela proximidade dela com sua família. Isso não é jornalismo. Isso não é ético. Ela pode ter sido agredida, mas dentro da repartição não é por quem ela diz muito menos.

    Resposta

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