Aliança PT e MDB no RN tem origem popular?
Desde ontem que as editorias de política – de jornal e TV – noticiam o jantar na casa do ex-senador Eunício Oliveira em Brasília para receber os companheiros caciques do MDB em torno do ex-presidente Lula.
Um entusiasmo que há muito não se via, com direito a transmissão ao vivo, como se a política tradicional com garfo, faca e cardápio anunciado estivesse fazendo falta até à turma do sereno.
E houve declaração na calçada do cearence Eunico Oliveira, que traduziu o sentimento de seu grupo. Eles não desejam apoiar a candidata do MDB, a senadora Simone Tebet à Presidência da República.
Justificam que a escolha errada por uma candidatura “natimorta” como a de Henrique Meireles em 2018 prejudicou todo o partido e fez a representação da bancada ser reduzida quase a metade em quatro anos.
Não foi por isso, ou só por isso, mas … eis a narrativa da vez.
Assim como seus companheiros nordestinos, Oliveira quer estar junto com Lula desde o primeiro turno.
E neste entendimento, os jornalistas colocaram no mesmo comboio o ex-senador Garibaldi Alves Filho (MDB), também participante do jantar.
Mas a realidade do RN não é a mesma do Ceará, Piauí, Alagoas e Paraíba.
Não existe uma afinidade e reciprocidade posta no plano local como informam os coleguinhas de plantão.
Por aqui, o MDB não integrou o Governo Fátima em nenhum momento.
Na Assembleia Legislativa, um dos maiores críticos ao Governo era feita por Nelter Queiroz, deputado emblemático do partido até a janela eleitoral no início do mês.
Os prefeitos MDBistas também não têm pedido, nem tampouco apoiado publicamente a aliança PT-MDB.
Basta perguntar em qualquer interior administrado por um prefeito chamado bacurau, que a resposta, com raríssimas exceções vem:
Verde e vermelho não se misturam aqui, frase declara por uma MDBista tradicional ao TL.
Indo mais além, não faz um mês que o próprio Garibaldi confirmava à imprensa local que seu filho, deputado Walter Alves (MDB) seria o candidato a vice na chapa de oposição com o presidente da Assembleia, Ezequiel Ferreira de Souza governador.
A chapa com foto repercutida pela assessoria de Ferreira ainda não foi desmentida, mas consta que só aguarda um substituto para que haja uma nota anunciando o que todos já sabem: a dupla ex-(pretensa)oposição vai com Fátima.
Assim, começa o desenho do pleito de 2022.
Com alguns protagonistas das últimas eleições, disputando cargos distintos.
Era o tempo em que o slogan de Fátima era “A primeira governadora de origem popular para o Rio Grande do Norte”, uma resposta às oligarquias que tanto combateu ao longo de sua trajetória política.
É o caso do opositor de Fátima, ex-prefeito Carlos Eduardo (PDT), que será agora seu candidato ao Senado.
Este, sim, estratégia local para eliminar um adversário competitivo e conquistar o WO no primeiro turno.
A situação do MDB na garupa tem causa e efeitos diferentes.
A imposição foi do ex-presidente Lula, que quer lançar sua chapa em maio, tendo os 9 estados do Nordeste com o partido fechado com ele.
A aliança teve resistência dos dois lados : verde e vermelho.. Teve ou tem?
Agora, ladeada por dois primos da família Alves, Fátima terá que declarar que a união foi feia pelo bem do Rio Grande do Norte, da Democracia, do Desenvolvimento, da Boa Política.
Poderia até dizer e se fazer acreditar se houvesse um detalhe; o apelo com consentimento popular
. Como teve quando derrotou em outras ocasiões os chamados “poderosos”, seja para o Senado ou para o Governo.
Mas, e agora, Fátima no Poder vai conseguir convencer que a aliança PT-MDB tem origem popular?
O nome disso não é acordão? O povo, sempre considerado massa de manobra, comprado com uma migalha ou outra. Alta rejeição de Fátima, se juntando com Carlos Eduardo e com Walter, que já se juntou ao mundo todo.
Qual é a ideologia de Walter Alves? O poder pelo poder? Já foi para a direita, agora para a esquerda, e como recompensa, ganhará o governo de presente em 2026. No dia que Garibaldi Filho morrer, Walter será ninguém. Sem história, sem marcos.
Fátima é, de longe, o político mais habilidoso do nosso RN, mas, uma coisa preocupa: como será o comportamento desses aliados? No entanto, para derrotar esse governo bozolândico, se faz necessário sacrificar a antiga retórica, deixar de lado divergências e radicalismos, o mais importante, nesse momento, é libertar o país das garras desse demônio.