4 de maio de 2024
NotaPolítica

ANALISTAS POLÍTICOS TAMBÉM ERRAM

Vincenzo Conciatore, Merafisico46

Há três anos,  o resultado da eleição para prefeito – sem novidade, nem zebra – mal havia sido anunciado, um palpiteiro neófito, em brado ousado,  fez previsão que não veio a ser confirmada:

Viva a nova prefeita!

A mais sem graça e desanimada de todas as campanhas,  não havia tido disputa em diversidade de gêneros, nem manteve a fórmula que se repetia há 20 anos.

Eleger dois  prefeitos de uma só vez, certo que neste século XXI,  todos os vice-prefeitos de Natal assumiram o cargo, por renúncia ou afastamento do titular.

A primeira experiência sem coligações partidárias, obrigou o lançamento de chapas puros-sangues,  mas segundo o pitoniso de Morro Branco,  não seria quebrado o feitiço  do eleito não cumprir o inteiro mandato.

Pelo vaticínio, a advogada e cientista social Aíla Ramalho Cortez já podia encomendar o tailleur da segunda posse.

Em um ano e meio, seria promovida a titular,  e podia  iniciar a campanha pela própria reeleição, na continuação do movimento dos círculos concêntricos, onde a roda grande passa por dentro da pequena.

Predição baseada na evidência que  não foi desenvolvido repelente eficaz que afaste da testa de quem recebe uma votação arrasadora na capital, o pouso da mosca azul com as asas douradas de funções mais elevadas.

Os resultados recém anunciados  não se distanciavam dos esperados.

Os institutos de pesquisas haviam acertado todas as projeções.

Se bem que alguns, auto- financiados, tenham evitado  explicar o erro na ordem das colocações.

Quem iria se preocupar  com aquilo,  se as planilhas que contam,  já estavam sendo  negociadas no mercado futuro?

Depois da decepção  com os outsiders, quem é do ramo já está plenamente recuperado da desconcertante dose de kryptonita cívica

O jogo foi mais uma vez,  zerado.

Cada eleição é uma eleição.

A máxima que perdoa erros e outras intenções, de dois em dois anos, apascenta todo mundo,  até que as urnas comecem, de novo, a ranger seus dentes afiados.

A maneira como a pandemia foi enfrentada, se fez diferença na reeleição tranquila do burgomestre, também parece ter evanescido  os anticorpos que garantiriam forças suficientes para sair na frente da corrida prestes a começar.

Indeciso, sem assumir posição definida no grid de largada, o prefeito Álvaro Dias perdeu o timing e não participou da maratona.

Eleito sem ter pronunciado um único discurso em praça pública, nem abraçado os desocupados e desdentados da Praça Gentil Ferreira, seu capital eleitoral nem foi adulado, como se incapaz de transferir votos fosse.

A nova política sendo moda fugaz, voltaram as figurinhas carimbadas de sempre, o mesmo tabuleiro do antigo jogo e a chance do jejuno observador político, confiando no domínio de fato do efeito Aldo Tinoco, daquela vez, acertar na mosca:

O filho do prefeito já pode se considerar, deputado estadual.

Bingo!

Xadrez político (1996) – Vincenzo Conciatore, Merafisico46 – Pintor italiano contemporâneo

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