AO ESPELHO, ONTEM
Revisitar o que foi escrito há dois anos, revela a angústia de quem, atordoado pela violência da primeira avalanche de destruição e mortes, sem saber bem como enfrentar ou se esconder do perigo, traduzida em perguntas ainda não respondidas pela Ciência.
As trágicas lições, apesar de repetidas em sucessivos ondas, cepas e variantes, com a estabilização da imunidade, parece que pouco vão mudar os valores da humanidade.
O exemplo maior vem do extremo leste europeu, numa guerra sem sentido, nem senso.
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AO ESPELHO, AMANHÃ
(01/04/2020)
Desde que uma simples e costumeira refeição, numa humilde casa na periferia de uma rica cidade chinesa, virou a maior catástrofe que o mundo já enfrentou, do porte do grande dilúvio, procuram-se explicações.
Como diante de toda doença, o pensamento clínico e lógico é despertado.
Qual a causa, como se instalou, como se comporta e evolui.
O que pode ser feito para resolver o problema.
Curar, se possível.
Aliviar seus efeitos, sempre.
Evitar que outras pessoas sejam atingidas.
Prevenir futuros ataques.
Tirar lições para a vida que seguirá.
Algumas informações estão à espera de explicações, análises e conclusões, mas ainda é cedo
Um pequeno país asiático, vizinho do gigante onde tudo começou, de onde não chegam notícias do mal que acomete todos os povos, pode ser o tubo de ensaio de onde as grandes verdades surgirão.
O invasor será tão seletivo nas suas investidas ou as vítimas é que oferecem incentivos para seu desembarque?
Por que atacar primeiro e com mais força os lugares com maior potencial de resistência?
Os países mais ricos, as regiões mais desenvolvidas do mundo, os lugares onde a assistência médica era invejada como exemplo de excelência?
Por que na longa viagem, saindo de uma tosse e embarcando num espirro, passando de pessoa a pessoa, não foram a lombo de cavalo, em trens superlotados nem pelas estradas sinuosas, ladeira a cima.
E não passaram arrasando também o pequeno Reino do Butão?
Aquele povo há de ser muito bem estudado.
Sua imunidade testada, para entender como resistiram. Ou porque foram poupados.
Observar com atenção seus hábitos alimentares. E outros. Seu comportamento. Como vive sua sociedade.
A amostra pode ser modelo e no futuro, na recuperação da destruição, muita coisa há de ser mudada.
A vida mais simples, orientada pela religião e pela filosofia.
Consumo, as necessidades.
Produção, o essencial.
A família, perto.
O horizonte, no por do sol.
A maior viagem, a subida da montanha.
O índice mais importante, o coeficiente de felicidade.
A vida do povo mais feliz de todos pode ser a de todos os povos.
“A dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como os nossos pais” – (Belchior docet)
“Nada será como está, amanhã ou depois de amanhã” – (Milton canit)
Fotos: Getty Images
(Com pouco menos de 800 mil habitantes, o Reino do Butão contabiliza 12 mortes pelo Coronavirus, desde o início da pandemia)
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