Arquitetura, Decor & Design: CADEIRAS por Nadieja Melo

Estamos no nosso terceiro momento do novo quadro Arquietura, Decor & Design.

E, mais uma vez, convidamos a arquiteta bacana Nadiedja Melo para falar de uma tema que faz parte da vida de todos nós: a cadeira.

Com muita sensibilidade e conhecimento, Nadiedja faz um breve relato da história da cadeira, do seu surgimento até o tempos modernos de hoje, do alto design.

Vale muito a pena a leitura abaixo, by Nadiedja Melo…

O termo vem do grego “káthedra” (“lugar de assento”).

Segundo alguns, por volta de 3.800 AC surgiu a cadeira, um dos legados da civilização egípcia, na verdade uma evolução do banco, ao qual foi adicionado o encosto. Somente centenas de anos depois viria a cadeira com braço.

Dali para hoje tudo aconteceu, e as cadeiras podem ser divididas principalmente em dois grupos, um de uso mais rápido, como se alimentar, outro para o trabalho, com permanência prolongada, ensejando uma série de estudos que iriam alavancar seu “status” no mobiliário.

E tem cadeira de todo tipo, fixas, giratórias, que balançam, embalam, se reclinam, se dobram, de rodas, de área externa, de aeronave, as que massageiam e até aquela que eletrocuta!

O tema cadeiras, chairs, assento, é meio inusitado. Fala-se sobre paisagismo, revestimentos, cores, móveis de forma geral mas a cadeira, aparentemente simples, geralmente não suscita maiores comentários, apesar de ser ao longo da história a peça do mobiliário mais usada, trabalhada e pensada pelos designers, em conjunto com especialistas em ergonomia e médicos ortopedistas. E, é a peça responsável por lançar o design brasileiro no topo do reconhecimento mundial!

Tudo eclodiu com revolução industrial, que viabilizou a produção em série de criações que puderam ser conhecidas pelo mundo, sendo seu primeiro grande case, a cadeira Thonet, concebida em 1859 pelo alemão de quem herdou o sobrenome.

A cadeira Wassily, precursora do design arrojado é outra que não pode deixar de ser mencionada. Grandes arquitetos como Frank Lloyd Wright e a escola Bauhaus projetaram cadeiras que fizeram história e são clássicos e objetos de desejo até hoje.

As cadeiras de escritório são um capítulo à parte, alta tecnologia de produção associada à garantia de resultados voltados para o bem-estar do corpo humano, especialmente a coluna. A primeira registrada chamava-se Curule, e remonta ao tempo do Imperador Júlio César, que a levava para todos os lugares.

A preocupação com ergonomia surge nas décadas de 50 e 60, capitaneada pelo lançamento da cadeira MAA de George Nelson para Herman Miller. O “grande lance” era a possibilidade do encosto e assento se inclinarem de forma independente para se acomodar à necessidade de cada usuário. Hoje quem não deseja uma das cadeiras Herman Miller, que adornam as mesas dos grandes CEOs no cinema?

Aos poucos as cadeiras se tornaram menos “rebuscadas”, perseguindo formas mais conceituais, com uma preocupação ambiental na sua fabricação, e antenadas com a sua finalidade e ergonomia adequada.

Quando comecei em arquitetura usávamos aquelas cadeiras com o espaldar (encosto) alto, lembram? No mínimo estavam nas cabeceiras das mesas. Hoje predomina o espaldar mais baixo, e temos uma variedade enorme de materiais e misturas, madeira, aço, couro, forrações de todas as cores e tecidos, telas de palhinha, ou simplesmente toda em plástico.

A cadeira Dinna, lançada em 2004, grande best seller da produção de Jader Almeida, para fábrica Sollos, é exemplo de sucesso e grande potencial do poder criativo do design brasileiro no mobiliário.

É, cadeira tem grife, Joaquim Tenreiro, Oscar Niemeyer, Lina Bo Bardi, Paulo Mendes da Rocha, Sérgio Rodrigues, os Campana, Zanine de Zanine, Zalszupin, Fasanello, Estudio Mula Preta, Estudiobola, muitos excepcionais.

É um grande momento para o Brasil, pelo menos nisso!

Gostaram?! Tenho certeza que sim. Quem desejar contatá-lá é só ir no @nadiedjameloarquiteta .

Do agrado!

A seguir, várias fotos de cadeiras, vários exemplos, usadas em projetos de Nadiedja!!