1 de maio de 2024
BBB

AS FREIRINHAS DO BBB

Santa Gertrudes (1763) – Miguel Cabrera- Museu de Arte de Dallas, Texas


Renovada todos os anos, a vitrine de novidades da coleção de estereótipos já não empolga tanto, mas sempre deixa as peças expostas  com esperanças, que um dia serão lembradas não só como ex.

Há três anos, a prosódia brasileira recebia a contribuição dos  brothers, na divulgação de uma palavra estranha e desconhecida, caída no gosto, universo e vocabulário femininos.

Uma jovem cantora que ainda não havia despontado para o sucesso solo, passou a trazer o vocábulo para os papos, antes voltado às armações, tramas, futricas e futilidades, assuntos  de interesse das mulheres modernosas.

Numa discussão, em noite de pico de audiência, antes do fuzilamento do participante da vez, tascou um sonoro e então inédito – no glossário dos espetáculos de realidade – fonema.

Sororidade.

Dito pela primeira vez no horário nobre, despertou o dicionarista enrustido que existe em  todo telespectador sonolento.

O recorde de consultas nos aplicativos de buscas, provocou uma outra discussão, fora da telinha.

Exegetas que abundam nas redes sociais, confirmaram o emprego adequado do termo, mas questionaram se o sentimento que representava, realmente existia.

A solidariedade varonil é incontestável.

Responsável pela longevidade dos matrimônios, não há registro de uma só delação premiada, no gênero.

Fator de manutenção de empreendimentos voltados ao público masculino, sem ela, quantos bares, casas de jogos, cafés e rendez-vous  não estariam em regime de recuperação fiscal?

No passado, a inexistência de comportamento semelhante pelo então chamado sexo oposto, era aceita como dogma, tendo surgido  a hipótese que apenas  por trás das muralhas dos conventos, houvesse sido preservado.

A negação da rivalidade e o reconhecimento pacífico da união das mulheres, só prosperam em ambientes como o monastério.

Tudo a ver com a casa que já foi a mais vigiada do Brasil.

Retrato de Sóror Juana Inés de la Cruz. Miguel Cabrera, 1750 – Museu Nacional de História, Cidade do México

(O tema e ilustrações deste texto foram publicadas originalmente em 25/02/2022)

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