AS FREIRINHAS DO BBB
Renovada todos os anos, a vitrine de novidades da coleção de estereótipos já não empolga tanto, mas sempre deixa as peças expostas com esperanças, que um dia serão lembradas não só como ex.
Há três anos, a prosódia brasileira recebia a contribuição dos brothers, na divulgação de uma palavra estranha e desconhecida, caída no gosto, universo e vocabulário femininos.
Uma jovem cantora que ainda não havia despontado para o sucesso solo, passou a trazer o vocábulo para os papos, antes voltado às armações, tramas, futricas e futilidades, assuntos de interesse das mulheres modernosas.
Numa discussão, em noite de pico de audiência, antes do fuzilamento do participante da vez, tascou um sonoro e então inédito – no glossário dos espetáculos de realidade – fonema.
Sororidade.
Dito pela primeira vez no horário nobre, despertou o dicionarista enrustido que existe em todo telespectador sonolento.
O recorde de consultas nos aplicativos de buscas, provocou uma outra discussão, fora da telinha.
Exegetas que abundam nas redes sociais, confirmaram o emprego adequado do termo, mas questionaram se o sentimento que representava, realmente existia.
A solidariedade varonil é incontestável.
Responsável pela longevidade dos matrimônios, não há registro de uma só delação premiada, no gênero.
Fator de manutenção de empreendimentos voltados ao público masculino, sem ela, quantos bares, casas de jogos, cafés e rendez-vous não estariam em regime de recuperação fiscal?
No passado, a inexistência de comportamento semelhante pelo então chamado sexo oposto, era aceita como dogma, tendo surgido a hipótese que apenas por trás das muralhas dos conventos, houvesse sido preservado.
A negação da rivalidade e o reconhecimento pacífico da união das mulheres, só prosperam em ambientes como o monastério.
Tudo a ver com a casa que já foi a mais vigiada do Brasil.
(O tema e ilustrações deste texto foram publicadas originalmente em 25/02/2022)