13 de maio de 2024
Coronavírus

AULAS EM TEMPOS DE PANDEMIA

    

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             (Publicação original em 25/04/2019)

Para quem acompanhou os maiores avanços da didática no século passado, ver, pelo videofone, as aulas dos netos,  no tablet, é de se conformar com a classificação de grupo de risco pela idade.

Quando o quadro negro  trocou de roupa e vestiu verde, para não cansar a vista do aluno, foi um espanto.

Depois, o terror dos professores alérgicos, giz que não soltava pó, era de não se acreditar em tanto avanço.

De cair o queixo, quando ganharam cores além da branca.

Será que os professores ainda escolhem um pupilo para copiar as aulas?

No pendrive.

Ou elas ficam nas nuvens?

                 O PARAÍSO NÃO É ALI

Não dá pra contar quantos  professores tivemos ao longo da vida.

Com o passar do tempo vamos esquecendo deles e sejamos  francos, muito poucos são lembrados.

Vez por outra, em conversas com antigos colegas, nos vem à memória, alguém especial.

Não por ter nos ensinado alguma matéria específica, de conteúdo técnico e importante para uma futura profissão.

Falo de quem, lá num passado remoto, dava os primeiros conselhos para a vida real.

Professor Amadeu, de Português,  seria considerado hoje, um homem maduro.

Cinquentão. Para quem estava na terceira série ginasial, já era um velho,  dobrando o Cabo de São Roque.

Baixinho e  mais pra gordo,  chegava sempre meio cansado, derrubava a pasta surrada em qualquer lugar, sentava-se ao birô (estará certo o emprego deste adjunto adnominal?) e logo no começo da aula, chamava sempre o mesmo voluntário à lousa.

Ditava a lição,  e o pupilo aqui, por ter boa caligrafia, acompanhava-o no chiado do giz.

Reclamações eram frequentes. Por qualquer demora ou se um cê-cedilha entrasse no lugar de um dois-esses.

A bronca vinha em forma de cara feia ou uma coçada impaciente na avançada  calva.

Eram anos AX (Antes da Xerox). Depois, o auxiliar  de professor se virava para copiar tudo outra vez. De algum caderno emprestado.

Quando a turma, com fama de ser quase toda de filhinhos do papai, demonstrava pouco interesse, vinha  a reprimenda, em forma de alerta que o tempo mostrou ser tão verdadeiro:

-Não se iludam.  O paraíso não fica ali, por trás dos muros do Colégio Santo Antônio.

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