2 de maio de 2024
Pesquisa

Base do Governo esperava DataFolha ainda pior para Bolsonaro

Do Valor 

A tendência de estabilidade apontada na pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (23) surpreendeu aliados do presidente Jair Bolsonaro, que vêm captando, em levantamentos internos, uma piora na situação do mandatário desde o último levantamento publicado pelo instituto, no final de maio.

Segundo fontes com quem o Valor conversou, Bolsonaro enfrentou um forte noticiário negativo no período, como o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, na Amazônia, as seguidas altas nos preços dos combustíveis e a prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, investigado por corrupção no MEC.

Isso teria afetado o desempenho do presidente.

O Datafolha, porém, apontou uma oscilação de 1 ponto percentual nas intenções de voto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (de 48% para 47%) e e oscilação positiva na de Bolsonaro (de 27% para 28%), com a diferença entre eles caindo de 21% para 19% entre as duas pesquisas.

“Estranho”, comentou um interlocutor. “Em todas as nossas pesquisas entre a época do último Datafolha e agora, nós pioramos.”
Essa fonte afirmou, sem dar os números de cada um, que a vantagem de Lula havia subido de 4 para 8 pontos percentuais. Outra, sem dar percentuais, apontou um cenário “de equilíbrio” entre os dois candidatos.

Um terceiro interlocutor afirmou que a sensação na campanha após o Datafolha, diante de um noticiário tão negativo, é a de que “o pior já passou”. “Se esperava um cenário pior”, disse.

DISCURSO PARA BOLHA NÃO AJUDA 

A radicalização do discurso de Bolsonaro é um foco de preocupação da campanha, conforme informou o Valor na semana passada.

Os seguidos embates com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por conta do sistema de votação têm assustado os eleitores mais moderados, segundo interlocutores do presidente.

QUESTIONAR URNA ELETRÔNICA PARECE DERROTA ANTECIPADA

Monitoramento nas redes sociais também mostra que internautas têm percebido as contestações de Bolsonaro às urnas eletrônicas como um discurso de derrota antecipada.

Na percepção de aliados, isso pode levar a uma perda dos chamados “eleitores-pêndulo”, que migraram para Bolsonaro em 2018 após ter votado durante anos nos candidatos do PT.

De qualquer forma, a percepção geral é a de que, com sua postura atual, Bolsonaro só tem conseguido cativar seus eleitores mais fiéis, além de alguns que seguem rejeitando o petismo.

Para parte de seus aliados, a situação do presidente é delicada e, se quiser se reeleger, precisará falar também dos votos dos eleitores mais moderados.

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