5 de maio de 2024
Opinião

Campanha curta e rápida terminou limitada a própria municipalização

Politizar

Faltando menos de duas semanas para a eleição, é tempo de serem traçadas as últimas estratégias capazes de manter – ou de mudar – eventuais tendências para aproxima-las do que vem sendo revelado pelas pesquisas de intenção de voto. Se é que isso acontece.

No único município que a legislação prevê a possibilidade de realização de segundo turno, o encaminhamento da presente campanha, uma campanha muito curta e limitada pela existência da pandemia, com um número recorde de candidatos, dificultou a possibilidade de união de grupos na oposição, e essas forças ficaram dispersas.

A jornada começou com 14 candidatos a Prefeito, mas um desistiu, usando como desculpa o fato de ter sido infectado pelo coronavírus, enquanto o atual Prefeito trabalhou pacientemente na junção de forças em torno do seu nome.

E não houve um trabalho para tentar aglutinar quem não concordava com esse ponto de vista. Ficou na base do cada um por sí. E não foi dado ao eleitorado, de forma nítida, a escolha de quem representa o anti-Álvaro.

O NOVO E VELHO

Esta eleição acontece dois anos depois da maior renovação na política brasileira, na onda gerada pela campanha do presidente Jair Bolsonaro, materializada em vários níveis como sendo uma “nova política”.

Um movimento de geração espontânea favorecido pela falta de partidos políticos que representem diferentes posições ideológicas, que em termos nacionais foram do ator pornô Alexandre Frota, ao Juiz de Direito que largou a Magistratura para ser Governador do Rio de Janeiro; os dois abençoados pelo capitão Bolsonaro, com quem ambos romperam antes de completarem três meses do mandato conquistado com ajuda de sua imagem.

E o ex-Juiz está afastado do cargo, acusado de ter mantido o mesmo padrão de corrupção que levou cinco dos seus cinco antecessores para a cadeia.

Na última eleição bastava a auto definição de que o candidato praticava a nova política. Era o suficiente. A nova política elegeu Leila do Voley, Senadora pelo Distrito Federal, e derrotou o professor Cristovão Buarque, considerado um dos melhores nomes de todo o Parlamento.

Agora, Nova e Velha Política são vistas como farinha do mesmo saco, ou vinho da mesma pipa. Porque não se observou na mudança de nomes, uma transformação do comportamento na política brasileira. Pelo contrário.

PROCURA-SE UMA MULETA

Com a inexistência de partidos de verdade para oferecer – de forma legítima – um perfil político e ideológico do candidato, resta a possibilidade de aparecer uma muleta ao longo da campanha.

Em temos de RN, nem existem partidos nem candidatos (a Governador) em 2022 e os temas nacionais estão distantes. Assim mesmo, o presidente Bolsonaro ainda aparece como tal muleta para quem a história política se resume a ter votado nele para

Presidente da República. Embora no momento atual, o maior exemplo mostre Bolsonaro tirando votos. Como ocorreu em São Paulo, onde o nome dele apareceu junto com Celso Russomano, que liderava as pesquisas e ficou em segundo depois que foi mostrado com ele.

Resumo da ópera: a eleição municipal está politicamente municipalizada. Na grande maioria dos municípios com os candidatos se colocando ao lado de determinado líder local.

Contra ou a favor. Como acontece no segundo maior eleitorado do RN onde, em vez de nova política, os candidatos se apresentam contra antigas lideranças, embora não tenham conseguido se unir para isso, contribuindo para sua permanência.

PERTO DA CHEGADA

Nessas duas semanas finais os candidatos das maiores ou menores cidades traçam as últimas estratégias para convencer o eleitor e tentar manter ou mudar o resultado. Cada pesquisa conta uma história, embora a credibilidade esteja na sequência capaz demostrar uma tendência.

Sociólogos e cientistas políticos anteveem esses últimos dias de campanha como um período propício para um maior acirramento entre as diferentes candidaturas e a entrada das maiores lideranças que estavam se guardando.

Tudo isso, num quadro totalmente novo em razão da pandemia de Covid-19, com a movimentação política sendo apontada como causa da multiplicação de aglomerações de pessoas em razão de eventos realizados, sem preocupação com as recomendações das autoridades sanitárias começando pelo uso das máscaras cirúrgicas.

Tais possibilidades já se encontram no radar da Justiça Eleitoral, que poderá punir os promotores de tais eventos, assim como as autoridades sanitárias para impor o cumprimento das suas recomendações.

CAMPANHA MUNICIPAL

Poucas campanhas eleitorais se desenvolveram sem os grandes apelos nacionais como esta. As tentativas partiram dos extremos. O PT que marcha com o seu Senador, Jean Paul Prates, aproveitando para se apresentar ao eleitorado, na sua primeira eleição (suplente de Senador é puxado pelo titular, no caso Fátima Bezerra) e lançar a semente para a eleição de 2022. Fez um video com Lula e fala no PT, o que soma pouco.

Tem também os três que tentaram se colocar como os candidatos de Bolsonaro, o coronel Azevedo, Coronel Hélio e o Delegado Leocádio, mas se misturaram na tentativa da decolagem, sem que o tema nacional conseguisse interessar ao eleitor.

Os deputados estaduais Hermano Morais de Kelps Lima, se imaginaram assumindo a bandeira da oposição municipal, mas o assunto também não entoou junto ao eleitor. E ambos podem ser punidos saindo menores do que entraram na campanha.

A soma dos votos de todos esses candidatos, segundo as pesquisas do Ibope, não chega a votação de Álvaro. O atual Prefeito conseguiu pautar a campanha para o julgamento de sua administração. E atraiu a maioria dos adversários para essa discussão. Nada mal para quem partiu com a aprovação de mais da metade do eleitorado.

Os outros candidatos não conseguiram se firmar. Sem tempo de propaganda na tv, e numa campanha rápida quase sem movimentação de rua, ficaram como meros coadjuvantes, se não surgir um grande fato novo nesses onze dias finais.

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