5 de maio de 2024
Coronavírus

CHEIROS GUARDADOS

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Vincent van Gogh                                                                Retrato do Dr. Gachet (Em duas versões – 1890)

 


Regra n° 7 do inédito
Manual do Aprendiz de Cronista do Cotidiano para Autodidatas:

Se não tem um texto melhor, republique o do ano passado.

Mas observe sempre se o assunto continua atual.


O AROMA ESTÁ NO AR

Basta um sopro para começar uma desavença.

Há palavra mais bonita que espírito?

Religiosos, psicólogos, qualquer pessoa no dia-a-dia, sempre têm uma oportunidade para usá-la.

No sentido de sopro, foi sendo empregada e difundida, até que chegou a vez de especificar quando acompanhada de mau cheiro.

Daí pra frente, ganhou vasta sinonímia.

Tem até o nome metereológico, que em inglês é poesia pura, breaking wind. Vento quebrando.

Em respeito aos leitores de olfatos mais sensíveis, na narração dos acontecimentos, adotaremos o de uso infantil.

Bastou um pum, dos que os  palhaços soltam, pra causar um alvoroço daqueles  que José Ary, narrador esportivo da TV Universitária,  descrevia como  ** de asno, na entrada da grande área.

O foco da Ciência foi desviado dos estudos italianos que classificavam a Covid-19 como doença vascular, de tratamento com anticoagulantes, para outros tubos.

O microbiologista, professor adjunto, semi-aposentado como todos no grupo de médicos no WhatsApp, resolveu atualizar os colegas da turma de 1977, com suas últimas pesquisas.

O coronavírus não só transita por todo trato digestório, de uma à outra boca, como pode ser transmitido pelos gases expelidos pela aboral, a última fronteira.

Antes que a discussão caminhasse para definir se  as cuecas contêm a difusão ou se no próximo decreto da Governadora, já deva vir a proibição das calcinhas de renda, alguém de bom senso pediu para o termo ser corrigido ou abrandado, para o latino flatus.

Contaminado nos brios, o belicoso mestre discorreu com a didática que lhe é peculiar, sobre regurgitações, eructaçoes, náuseas, vômitos, até chegar à palavra proibida pela administradora do grupo, pediatra, seguidora da escola onomatopéica.

Ficamos sabendo que a eliminação anal dos gases, tem classificações.

Quanto à sonoridade, vão dos silenciosos (nos elevadores) aos barulhentos, gaiteiros.

Ninguém sabia era que uma pessoa adulta carrega nas suas entranhas, 7,5 litros de gases variados. E elimina, em média 1,5 em dez a vinte aromáticas prestações ao longo do dia.

Além dos poluentes, metano, enxofre e carbônico; os nobres, oxigênio, hidrogênio e nitrogênio.

Não ficou claro se estes se misturam ou não, aos 184 outros tipos odoríficos provenientes dos alimentos e bactérias que constam do trabalho completo, apresentado em resumo, para o público leigo no assunto.

Uma preocupação maior  foi sabermos do enorme volume que eliminamos, sem que seja  percebido.

Seremos todos portadores sãos, transmitentes da virose destruidora?

Alguém questionou se há treinamento para transformar todos eles em imperceptíveis.

Foi recomendado consultar a biblioteca do Palácio de Buckingham.

Como os smartphones ainda não teletransportam perfumes, a paz voltou a reinar, inspirando (ou será, aspirando?) um dos muitos declamadores da turma.

O VALOR DE UM PEIDO

O peido de um general

não pode ser comparado com o peido de um soldado

Que em tudo é desigual

Tem gente que peida mal,

há outros que peidam bem

Eu não conheço ninguém

que ainda não tenha peidado

Mas o povo não tem dado

o valor que o peido tem.         

-Celso da Silveira (1929/2005)

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                 (Postagem original em 11/05/2020)

 

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