COMO SER FELIZ DE FÁBRICA, SEM INCOMODAR OS OUTROS
Um soco na alma, em forma de pergunta, fez o ex-publicitário Nizan Guanaes dividir as páginas de revistas e jornais com o ex-capitão e o ex-condenado.
Tudo por conta do lançamento do livro “Você aguenta ser feliz?” em parceria com Arthur Guerra, psiquiatra a quem atribui o feito de transformá-lo de um “quase alcoólatra em quase atleta”.
Depois de ter vendido sua empresa de publicidade por um bilhão de reais, o baiano concluiu que 20% das pessoas “já nascem com a felicidade na cabeça.”
Saem de fábrica, felizes.
Os outros 80%, só alcançarão a felicidade por merecimento.
O cancioneiro, mais incrédulo, já havia dito, que ela até existe.
Mas não tem sido fácil de ser encontrada, com a vida tão atribulada e corrida.
Há quem diga que é mais fácil achá-la nas coisas mais simples da vida.
Só depende de quem procura.
Um dia, qualquer um (como os gregos) topa com seu bom demônio.
Poucos admitem privar de sua intimidade.
Com a família bem encaminhada, passando dos 70, ainda trabalha. Não por necessidade.
A depender dele, a clientela fiel ainda vai manter o sorriso por muito tempo.
Mesmo que só atenda dois pacientes por turno. Com única exigência: têm que ser amigos do peito e das antigas.
Com a saúde restabelecida depois de penoso tratamento, nunca reclamou de complicações que a cirurgia radical causa em quase todos que a enfrentam.
Os hobbies da juventude mantidos, agora são muito mais interessantes, compartilhados com os filhos.
O interesse por carros não diminui. Desde que sejam 4×4, com força pra enfrentar todo terreno e desafio.
Quando percebeu que estavam mais raros os encontros com os velhos amigos nos lugares de sempre, reservou um dia da semana para visitá-los em suas casas.
Foi uma estratégia digna do portfólio da empresa N Ideias.
Muitos visitados voltaram aos papos coletivos.
Família grande, expandida com noras, genro e quem mais veio junto.
Sempre uma festa que nunca perde.
Oportunidade de fazer o que mais gosta.
Jogar conversa fora, contar algumas piadas remasterizadas, e esperar se ainda fazem sucesso.
Em Campina Grande não tem gargalhada mais contagiante. Começa a rir pelos ombros.
Depois, os 84 músculos da face e a quase convulsão de alegria.
Não é à toa seu lema, repetido quando surge uma chance.
E sempre aparece.
Vivendo e achando bom.
Inesperado foi o comentário de um amigo, seguido pelo silêncio também invejoso de outros que acabavam de desfrutar um pouco do seu convívio.
– É tanta felicidade, que chega a incomodar.
“A vida já tem muitas tristezas, tragédias e acontecimentos infelizes, pra que então pintar tais coisas?
Minha missão como artista é fazer telas que inspirem as pessoas a ficarem felizes…”
– Renoir, o pintor da felicidade
(Contem parte do texto, publicado em 23/08/19, com o título “Bem de Vida”)
Muito bom de vera. Bom dia.