CORDIAIS SAUDAÇÕES SANITÁRIAS
Durante os dias de chumbo da pandemia, entre todas as mudanças que ocorreram no comportamento das pessoas, uma quase foi alcançada como padrão bem definido.
Quando se pedia distanciamento social, como deveria ser o relacionamento formal das pessoas quando se encontravam?
No início, a maior vítima foi o aperto de mão.
Não havia mais como ter uma ideia da índole de quem era apresentado.
Numa escala que vai do quebra-ossos ao tão leve e frágil, como uma pluma solta ao vento, passando pelos rebuscados, com toques e acessórios que ocultam grupos e irmandades quase secretas.
Abraços apertados e tapinhas nas costas só voltaram aos costumes e usos quando o rebanho estava se achando todo imunizado.
Conversas ao pé-do-ouvido e cochichos, nem pensar.
Não fizeram falta.
Foram substituídos por mensagens reservadas.
No direto do WhatsApp.
As alternativas que surgiram não prosperaram.
O encontro dos punhos cerrados, além de não guardarem o necessário isolamento, passavam ideia de luta e beligerância.
Em pouco tempo já estava associado a algum grupo político-ideológico.
Tal uma arminha com o indicador e polegar, pronta para o confronto.
Saudações entre cotovelos, gesto pobre em significado e de estética questionável, surgiram sem revelar a origem.
O uso da articulação do braço, frequente, popular e entendido por todos, carregava mensagem completamente contrária ao que se queria transmitir.
Em alguns lugares, de conotação obscena, a banana (bras d’honneur para os franceses), nunca poderia ter sido considerada uma atitude receptiva, de acolhimento.
Veio do país que mais se esforçou no controle da pandemia, a maneira mais adequada para os cumprimentos, sem maiores riscos de transmissão da contagiosa doença.
Fabricante de mais de 60% de todas as vacinas produzidas no mundo, a Índia teve outra inestimável ajuda a oferecer.
Na diversidade religiosa politeísta é utilizado um único cumprimento, comum a todas as religiões.
Namastê.
Eu me curvo a você.
As palmas das mãos unidas em prece, dispensam até a palavra falada em sânscrito.
O gesto da leve curvatura do tórax vai muito além de uma gentil saudação.
Traz sentimento de respeito.
Representa a igualdade, quando todos compartilham a essência das coisas fundamentais à vida.
Habitantes do mesmo universo, em busca de um objetivo único, a paz tão necessária no mundo de guerras pós-pandêmicas.
“O Deus que habita no meu coração, saúda o Deus que habita no seu coração”.
Namastê.
Bom deveras. Tenha um ótimo dia com as bençãos de Deus.